COM AÇÚCAR
O que é isso. Essa coisa grande como nunca antes. Esse medo misturado a um sentimento confortável lutando pelo mesmo espaço. O lugar que já é seu.
Você chegou com o melhor sorriso. Andou com a melhor letra. Cresceu com aquela melodia. Um grito. Quase como um grito no meio dos prédios da minha cidade. Da nossa cidade. Tudo que não consigo explicar derramado em palavras.
Essa dor sem fim. Me sentindo quase sufocada. E, perfeitamente calma e quieta.
Você acordou comigo. Levantou das minhas três horas de sono. Me lembrou que o chuveiro estava frio nos primeiros segundos da manhã. Desceu as escadas do metrô. Entrou no primeiro vagão para o paraíso. Queria te deixar caminhar pela liberdade mas você resolveu que iria comigo para onde fosse.
Confundiu meus sentidos. Me fez perder o ponto e o juízo. Caminhei pela Augusta te carregando no fio do ipobre.
Ando cansada de ser assim. Como o Bandini um monte de palavras. Muito mais palavras. Você é quase o produto final da minha imaginação com defeitos e qualidades que eu não consegui criar. Seu medo e o andar são calmos. E, eu tão garota.
Percebi que gosto de segurar a xícara com as duas mãos como fazia com o chá da minha avó. Continuo brincando com o açúcar, com as duas mãos, com o corpo no mesmo lugar e a cabeça despregada.
Enquanto eu me exibo para solidão você pula corações. Controla os sentimentos. Segura as linhas. Eu, aqui, continuo me riscando inteira. Seguro a xícara com as duas mãos. Procuro seus olhos. Eu continuo sempre igual. E o que ficou diferente dessa vez?
ps: se você não perceber e eu nunca te contar, a gente fica assim, carregando esse monte de coisa que não foi.