o essencial é invisível aos olhos
Se eu fui feliz com tão pouco de você, era porque não precisava de nada, te ter naquela noite fria rodeada por pessoas queridas. A ausência sempre fala alto com as coincidências rindo. Mas você tirou tudo dali para colocar o seu abraço. O suficiente pra me trazer de volta. Mesmo que veja as suas costas longe e nos vejamos daqui a dois ou mais anos tudo foi tão inesperado como nossos encontros.
Certa de que várias coisas voltaram a brilhar, as minhas certezas foram revigoradas diante daquele garoto que de tão diferente é mais um amigo.
Então, passei o começo da semana diferente. Os meus maus hábitos esquecidos. Meus sorrisos trocados. Cansaço acumulado para fazer tudo caber nos próximos dias. As conversas com as meninas e todas elas me falando do meu tempo gasto nisso. Eu ali acreditando que perdia, sem lembrar daquele livro que hoje me fez chorar sozinha entendendo as estrelas, mas antes disso a sábia Raposa falou:
- ... cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
É por isso que a cada vez que fecho a porta, abrem-se janelas. É preciso respirar e ter paciência. Até quando? Eu falei que ia ser sincera, te prometi em silêncios tudo que só seria capaz de cumprir para você, toda minha verdade é descartada nas suas mãos. O seu jogo. Nossas cartas. O prêmio, surpresas.
cansada, é verdade.