Voltei...
Segurou o meu braço na hora de atravessar a rua, uma das minhas manias é não prestar atenção nos carros. Sorriu quando disse que estava com saudades e nunca me entregou um "eu também". Deu passos minúsculos de tão diretos, caminhou por uma estrada só, me viu passar por aquela porta naquele dia, entre sorrisos me ouviu sair e sem saber o corredor ficou maior, os passos eram maiores e o meu paradeiro era cada dia mais distante. Caminhei até a exaustão, encontrei meus erros, desfiz meus acertos, só para quem sabe com isso voltar.
Mas quanto mais caminhava, mais me afastava, burocratizava todos os momentos, marcava hora de chegar e sair, era medo de tornar isso mais sério e ir de vez.
Gostava de me sentir mimada por você, te ver correr, reclamar do cronômetro do tênis quebrado há semanas e sem ele, porque você exagerava como mulheres, não podia ser. Seus olhos da cor do céu era o cenário perfeito de qualquer conto de fadas que não soube contar. Suas bandas, suas músicas, suas palavras, suas mãos, seu sorriso, seu e tudo que era meu, porque de tanto ser, éramos personagens de uma história.
Te procurei naquele apartamento, fui até a porta do seu quarto, procurei suas manias, dei risada com as histórias e as metáforas que criávamos para não falar. E percebi naquele momento, não tinha porque não te esperar voltar. Voltei; a sonhar.