(um ano) após o outro
A cada dia o vazio aumenta. Não importa quais as respostas que consigo, as perguntas que faço, as histórias que escrevo. Um grande espaço de nada toma conta de mim todas as vezes que a ausência de uma coisa que não conheço, não encontro, não entendo se faz presente. É quando preciso me voltar para dentro, repassar os acontecimentos, refazer a trajetória que me levou até ali. É quando transformo o meu silêncio em som e escuto vozes em mim.
Tem horas que a inércia me transporta e outras que os excessos me encontram. Vivo vacilando entre extremos e sempre me afastando dos outros. Traço uma linha imaginária e onde começa o meu espaço vive sempre muito separado de onde pode coexistir o de outro. Faço pose enquanto tudo se dissolve em questões pequenas. Convenço a platéia e não me convenço. Interpreto o meu personagem e vejo os outros agirem comigo cheio de dedos, me coloco como expectadora de mim e percebo que faria o mesmo. Mas, vivo esperando aqueles que furam o bloqueio e me tratam apenas como igual. Cada vez menos. Cada vez mais seletiva. Cada vez mais longe. Cada vez mais sozinha.
Os que estão por perto, todo o tempo, são ainda aqueles que me conhecem desde quando eu era a garota de calça jeans, all star, óculos e aparelho. A personificação da adolescente insegura. Hoje em dia são poucos o que ultrapassam essa barreira. A vida de adulto tem um jogo de interesses que não me interessa porque ainda quero só a verdade que está escondida ou guardada. Quero só que a recíproca seja verdadeira pelos motivos certos. E, nesse jogo da vida adulta, é sempre uma besteira tentar definir o certo já que encontrar as doses de felicidade está quase sempre ligado a um vacilo certeiro. Poucos, cada vez menos, cada vez mais, maismaismais dúvida.
terça-feira, dezembro 28, 2010
domingo, dezembro 05, 2010
u want me, fucking come on and break the door down
O fim do ano se aproxima e eu não consigo separar ele (o ano) de você. São os seus olhos as coisas mais vivas na minha lembrança. São os seus sorrisos e o jeito que reclama de alguma coisa sabendo que está tudo solucionado. O jeito que você reclama só pelo prazer de constatar que nem tudo é perfeito. Gosto do jeito que você parece maduro enquanto fala frases prontas e que se desfaz procurando as palavras. Gosto do seu domínio da vida e da sua insegurança (que - quase - ninguém vê). Gosto desse meu ano, gosto dessa minha vida, gosta da insegurança, gosto de tanta coisa e disso (que nem se quer começou), enfim.
O fim do ano se aproxima e eu não consigo separar ele (o ano) de você. São os seus olhos as coisas mais vivas na minha lembrança. São os seus sorrisos e o jeito que reclama de alguma coisa sabendo que está tudo solucionado. O jeito que você reclama só pelo prazer de constatar que nem tudo é perfeito. Gosto do jeito que você parece maduro enquanto fala frases prontas e que se desfaz procurando as palavras. Gosto do seu domínio da vida e da sua insegurança (que - quase - ninguém vê). Gosto desse meu ano, gosto dessa minha vida, gosta da insegurança, gosto de tanta coisa e disso (que nem se quer começou), enfim.
domingo, novembro 14, 2010
i'm all ears to gather clues and look for signs
Quem me conhece sabe a dificuldade que eu tenho de continuar. Durmo apaixonada e acordo desinteressada. Faço planos e desisto deles ao menor sinal de possibilidade. Me interessa o desafio. Os difíceis demais, os que são demais, os que querem demais, os que tem almas e desejos em excesso. Eu sei que é do muito que conseguirei o menos que preciso. Porque, a bem da verdade, só quero a simplicidade. Deitar depois de um dia complexo e dividir o silêncio com um filme. Quero chá e companhia nas madrugadas frias. Quero esquecer que o dia seguinte me cobrará as horas de sono perdidas e perdê-las sem culpa.
Quero encontrar as verdades que alguém guarda nas entrelinhas. Quero a sensibilidade latente que se esconde no que só parece. Hoje quero isso. Amanhã, não sei. No meu castelo de quereres, nenhuma pedra é definitiva.
Quem me conhece sabe a dificuldade que eu tenho de continuar. Durmo apaixonada e acordo desinteressada. Faço planos e desisto deles ao menor sinal de possibilidade. Me interessa o desafio. Os difíceis demais, os que são demais, os que querem demais, os que tem almas e desejos em excesso. Eu sei que é do muito que conseguirei o menos que preciso. Porque, a bem da verdade, só quero a simplicidade. Deitar depois de um dia complexo e dividir o silêncio com um filme. Quero chá e companhia nas madrugadas frias. Quero esquecer que o dia seguinte me cobrará as horas de sono perdidas e perdê-las sem culpa.
Quero encontrar as verdades que alguém guarda nas entrelinhas. Quero a sensibilidade latente que se esconde no que só parece. Hoje quero isso. Amanhã, não sei. No meu castelo de quereres, nenhuma pedra é definitiva.
terça-feira, novembro 02, 2010
Sobre sentir e deixar de
Acho graça quando vejo que para alguns sou insensível. Eu que transbordo em palavras e quase nunca falo. Eu que sou capaz de chorar compulsivamente com uma música. Eu que já achei sentir "errado" e me certifiquei que não existe erro, são só caminhos diferentes. Duas vezes precisei não sentir nada para acreditar que poderia voltar um dia. Por duas vezes fechei a porta atrás de mim, me coloquei diante das provas que eu mesma criava para notar que uma lembrança já não me doeria mais. Assistir "antes do amanhecer" ou ouvir uma especifica música dos Beatles, sem nada disso me afetar. Abraçar alguém que um dia já foi tanto e não me importar com o cheiro que fica em mim.
Outra vez tive que reconstruir mais. A pouca autoestima de uma adolescente que já sabia: estava fadada a viver para dentro. Me fechei mais, me ferrei mais. Mas, hoje de tanto sobrou nada que já não consigo transformar em palavras.
Realmente, tenho uma pré-disposição a pequenas aventuras impossíveis. Talvez ame o que não conheço já que conhecer pode trazer junto uma série de outras coisas. Talvez não ame pelo simples fato de não banalizar o sentimento, a palavra, o momento. Gosto intensamente, gosto sem dúvida, gosto sem pesar. Gosto e não quero o desgosto de não ter mais. E, para não correr esse risco, me cerco das certezas que consigo controlar. Me dedico ao trabalho, me escondo nos livros, crio uma relação sutil com a música, visito minha imaginação no cinema. Vou vivendo uma vida inteira sentindo ao contrário, com uma grande desconfiança nas pessoas e sempre atenta ao fato que vivo disposta a não querer mais.
Acho graça quando vejo que para alguns sou insensível. Eu que transbordo em palavras e quase nunca falo. Eu que sou capaz de chorar compulsivamente com uma música. Eu que já achei sentir "errado" e me certifiquei que não existe erro, são só caminhos diferentes. Duas vezes precisei não sentir nada para acreditar que poderia voltar um dia. Por duas vezes fechei a porta atrás de mim, me coloquei diante das provas que eu mesma criava para notar que uma lembrança já não me doeria mais. Assistir "antes do amanhecer" ou ouvir uma especifica música dos Beatles, sem nada disso me afetar. Abraçar alguém que um dia já foi tanto e não me importar com o cheiro que fica em mim.
Outra vez tive que reconstruir mais. A pouca autoestima de uma adolescente que já sabia: estava fadada a viver para dentro. Me fechei mais, me ferrei mais. Mas, hoje de tanto sobrou nada que já não consigo transformar em palavras.
Realmente, tenho uma pré-disposição a pequenas aventuras impossíveis. Talvez ame o que não conheço já que conhecer pode trazer junto uma série de outras coisas. Talvez não ame pelo simples fato de não banalizar o sentimento, a palavra, o momento. Gosto intensamente, gosto sem dúvida, gosto sem pesar. Gosto e não quero o desgosto de não ter mais. E, para não correr esse risco, me cerco das certezas que consigo controlar. Me dedico ao trabalho, me escondo nos livros, crio uma relação sutil com a música, visito minha imaginação no cinema. Vou vivendo uma vida inteira sentindo ao contrário, com uma grande desconfiança nas pessoas e sempre atenta ao fato que vivo disposta a não querer mais.
quarta-feira, outubro 27, 2010
Antes dos créditos finais
Meu tempo mais bem gasto é dividido entre livros, música e filmes. Passo um dia inteiro feliz andando de pijama pela casa enquanto troco as faixas de um disco que me pegou por inteiro. Vivo uma tarde plena sem sair do lugar, deitada na rede vendo a vida se fazer em letras miúdas, todas sempre são, minha míope é um fracasso. Uma madrugada é sempre mais calma com um bom filme para ajudar a desligar a cabeça do cotidiano.
Troco uma noite insana por paz nessas três doses. Caio Fernando Abreu tem uma frase que diz algo sobre viver uma vida inteira para dentro enquanto lê, ouve música, escreve ou assiste filmes. Mas, para mim é justamente o contrário , é quando vou para fora e sei que não existe perigo. Me visto com um alterego e me cubro de invisibilidade. Transito entre várias vidas sem correr o risco de não estar em nenhuma, é simples o fato de não precisar estar.
Me incomoda a incompatibilidade, as pequenas discussões frívolas, os assuntos desencontrados. Me fascina uma dessas histórias de amor cheia de mistérios e frases fortes. Me interessa o sarcasmo, a ironia, a hora certa de ser errada. Só que no fim, todo mundo quer ser a mocinha enquanto admira mesmo é a garota vestida de charme. Nos filmes e, na vida real, a mocinha é sempre quem se dá bem no final.
Vivo com o desprendimento de quem não se importa com o final desde que a trama me envolva, por inteiro, no decorrer dela. Hoje durmo com palavras contidas, queria falar e ver no que poderia dar. Enquanto isso: nada. (já quase sobem os créditos e a gente ainda tá aqui)
Meu tempo mais bem gasto é dividido entre livros, música e filmes. Passo um dia inteiro feliz andando de pijama pela casa enquanto troco as faixas de um disco que me pegou por inteiro. Vivo uma tarde plena sem sair do lugar, deitada na rede vendo a vida se fazer em letras miúdas, todas sempre são, minha míope é um fracasso. Uma madrugada é sempre mais calma com um bom filme para ajudar a desligar a cabeça do cotidiano.
Troco uma noite insana por paz nessas três doses. Caio Fernando Abreu tem uma frase que diz algo sobre viver uma vida inteira para dentro enquanto lê, ouve música, escreve ou assiste filmes. Mas, para mim é justamente o contrário , é quando vou para fora e sei que não existe perigo. Me visto com um alterego e me cubro de invisibilidade. Transito entre várias vidas sem correr o risco de não estar em nenhuma, é simples o fato de não precisar estar.
Me incomoda a incompatibilidade, as pequenas discussões frívolas, os assuntos desencontrados. Me fascina uma dessas histórias de amor cheia de mistérios e frases fortes. Me interessa o sarcasmo, a ironia, a hora certa de ser errada. Só que no fim, todo mundo quer ser a mocinha enquanto admira mesmo é a garota vestida de charme. Nos filmes e, na vida real, a mocinha é sempre quem se dá bem no final.
Vivo com o desprendimento de quem não se importa com o final desde que a trama me envolva, por inteiro, no decorrer dela. Hoje durmo com palavras contidas, queria falar e ver no que poderia dar. Enquanto isso: nada. (já quase sobem os créditos e a gente ainda tá aqui)
segunda-feira, outubro 25, 2010
'cause all that's left has gone away
Tem horas que a vida me dói e outras que é pura alegria. Me sinto plena com pequenos prazeres. São poucos os que se fazem necessários. São poucos os números para os quais me interessa ligar. São poucas as mãos que gosto de segurar. São poucos pensamentos que me interessam escutar. Sou das exceções e me esforço para entender o todo. Não quero ser injusta com o que não entendo, quero viver com o respeito que suplico que tu também tenhas com a minha diferença. Não quero germinar indiferença e encher o meu jardim de ervas daninhas. Não adianta arrancar, elas sempre crescem outra vez. Por preguiça ou precaução, não quero germinar isso tudo uma outra vez. Recomeçar pode tirar de mim algo que não posso viver sem. Clarice disse um dia: tome cuidado ao cortar até os próprios defeitos, nunca se sabe qual deles sustenta a construção inteira. Um dos meus defeitos é o demais. Ouço uma música, a mesma, uma hora inteira. Choro em quase todos os filmes, por mais banal que ele seja. Transbordo e não falo. Gosto e não me entrego. Pelo gosto do silêncio, sempre me fascinou o mistério. Li Sherlock Holmes porque gostava dos enigmas. Sem notar fiz de mim um deles, fico aqui resolvendo as equações que criei, decodificando os pensamentos em textos.
E então, o rapaz me crítica, diz que sempre fui um enigma e que a insegurança não o fascina. Não consigo pedir desculpas, apenas admito que não vou mudar e juntos concluímos que não vai dar.
Eu realmente preciso de alguém disposto a me deixar ser... o que for.
Tem horas que a vida me dói e outras que é pura alegria. Me sinto plena com pequenos prazeres. São poucos os que se fazem necessários. São poucos os números para os quais me interessa ligar. São poucas as mãos que gosto de segurar. São poucos pensamentos que me interessam escutar. Sou das exceções e me esforço para entender o todo. Não quero ser injusta com o que não entendo, quero viver com o respeito que suplico que tu também tenhas com a minha diferença. Não quero germinar indiferença e encher o meu jardim de ervas daninhas. Não adianta arrancar, elas sempre crescem outra vez. Por preguiça ou precaução, não quero germinar isso tudo uma outra vez. Recomeçar pode tirar de mim algo que não posso viver sem. Clarice disse um dia: tome cuidado ao cortar até os próprios defeitos, nunca se sabe qual deles sustenta a construção inteira. Um dos meus defeitos é o demais. Ouço uma música, a mesma, uma hora inteira. Choro em quase todos os filmes, por mais banal que ele seja. Transbordo e não falo. Gosto e não me entrego. Pelo gosto do silêncio, sempre me fascinou o mistério. Li Sherlock Holmes porque gostava dos enigmas. Sem notar fiz de mim um deles, fico aqui resolvendo as equações que criei, decodificando os pensamentos em textos.
E então, o rapaz me crítica, diz que sempre fui um enigma e que a insegurança não o fascina. Não consigo pedir desculpas, apenas admito que não vou mudar e juntos concluímos que não vai dar.
Eu realmente preciso de alguém disposto a me deixar ser... o que for.
domingo, outubro 24, 2010
you were burning up, black and grey
Acho estranho o jeito que seu tom de voz não muda. Como parece que encontrou a calma mesmo quando se agita com seus pensamentos falando alto. Acho incrível como você fala fala fala e parece surpreso quando te interrompo com uma pergunta pontual. "O que você quer?", saiu alto o meu pensamento reprimido. "Ser o que sou", sua resposta é rápida. Penso em falar como você é tão você que pode ser tantos para não ser mais um. Mas, me contenho, guardo mais uma vez os meus pensamentos, te entrego um dos meus defeitos. Não falo o que sinto, tenho medo de deixar alguém entrar em um lugar tão meu que não sei se posso dividir. Embora, pense que poderia. Poderia deixar você tocar na minha vida, guardar os meus pensamentos em silêncio enquanto observo a sua calma.
Você aparentemente não muda. A menos que beba uma garrafa inteira de whisky e misture isso com outras coisas. Seu tom é calmo, suas palavras, poucas. Mesmo com todo o álcool da madrugada, sua mudança é sutil. Vejo no seu olhar fixo que você ainda está aí dentro. Continua sendo milhares, continua não sendo nenhum. Gosto de sentir que você está confortável ali, mesmo que seus pensamentos estejam rápidos, seus medos evidentes, suas mãos inquietas. Te sinto confortável ao meu lado enquanto observo seus movimentos cansados. Os outros te pedem tanto, te cobram tanto, querem tanto e você quer ser alguma coisa além. Quer tudo e quer logo. Agora, em silêncio, te pergunto: quanto querer ainda cabe aí dentro?
Acho estranho o jeito que seu tom de voz não muda. Como parece que encontrou a calma mesmo quando se agita com seus pensamentos falando alto. Acho incrível como você fala fala fala e parece surpreso quando te interrompo com uma pergunta pontual. "O que você quer?", saiu alto o meu pensamento reprimido. "Ser o que sou", sua resposta é rápida. Penso em falar como você é tão você que pode ser tantos para não ser mais um. Mas, me contenho, guardo mais uma vez os meus pensamentos, te entrego um dos meus defeitos. Não falo o que sinto, tenho medo de deixar alguém entrar em um lugar tão meu que não sei se posso dividir. Embora, pense que poderia. Poderia deixar você tocar na minha vida, guardar os meus pensamentos em silêncio enquanto observo a sua calma.
Você aparentemente não muda. A menos que beba uma garrafa inteira de whisky e misture isso com outras coisas. Seu tom é calmo, suas palavras, poucas. Mesmo com todo o álcool da madrugada, sua mudança é sutil. Vejo no seu olhar fixo que você ainda está aí dentro. Continua sendo milhares, continua não sendo nenhum. Gosto de sentir que você está confortável ali, mesmo que seus pensamentos estejam rápidos, seus medos evidentes, suas mãos inquietas. Te sinto confortável ao meu lado enquanto observo seus movimentos cansados. Os outros te pedem tanto, te cobram tanto, querem tanto e você quer ser alguma coisa além. Quer tudo e quer logo. Agora, em silêncio, te pergunto: quanto querer ainda cabe aí dentro?
sexta-feira, outubro 22, 2010
"mistério stereo que eu te cantaria"
Uma parte de mim quer serenata, calmaria e paz. Mas a outra quer caos, uma paixão que não se transformará em amor, um rolo de primavera que não chega ao verão e que esvazia no inverno. Uma parte é poesia e a outra é prosa. Uma parte é poesia e a outra despreza a rima. Uma parte quer explicação e a outra desconstrução. Uma parte quer o racional e a outra não se importa com responsabilidade.
Te mostrei que sou várias. Te contei que meus personagens não existem, não projeto no futuro o agora, faço das minhas histórias pura ficção. Fujo do destino enquanto me escondo atrás do muro do efêmero.
Mas ele passa, tudo passa enquanto eu espero o que não sei se pode ser. Você passou do ponto de ser incompreensível para ser algo além. O que? Eu já nem sei.
Uma parte de mim quer serenata, calmaria e paz. Mas a outra quer caos, uma paixão que não se transformará em amor, um rolo de primavera que não chega ao verão e que esvazia no inverno. Uma parte é poesia e a outra é prosa. Uma parte é poesia e a outra despreza a rima. Uma parte quer explicação e a outra desconstrução. Uma parte quer o racional e a outra não se importa com responsabilidade.
Te mostrei que sou várias. Te contei que meus personagens não existem, não projeto no futuro o agora, faço das minhas histórias pura ficção. Fujo do destino enquanto me escondo atrás do muro do efêmero.
Mas ele passa, tudo passa enquanto eu espero o que não sei se pode ser. Você passou do ponto de ser incompreensível para ser algo além. O que? Eu já nem sei.
domingo, outubro 17, 2010
não é (só) de agora
O mar é infinito, o horizonte aponta sempre um novo começo, o fim é só o ponto onde você não chegou. Para frente e avante, desbravador dos sete mares, com respeito a iemanjá. Do mar o que é dele, ao homem o que do homem: a posição de minúsculo ser em um lugar cheio de tudo.
Tem horas que me sinto mar, sou marola e maremoto, meu humor é o vento que agita os sete mares. Não acolho canoa e nem deixo entrar barco pequeno, não recebo bem os intrusos, não deixo quem não sabe nadar, brincar. Jogo com a vida, me mantenho alerta, sou paz e paciência, sou grito e intolerância, sou extrema. Sou muitas para ser uma só.
Mas, respeito quem pede a graça de iemanjá antes de mergulhar. Acolho barco preparado, pessoas abastecidas com vida vivida, sou democrática e não cobro a entrada. Deve ser por isso que você entrou, com tantas qualidades escondidas e levou lá para o fundo a paz que guardei aqui, na beirada, sentada. Peço a graça de iemanjá para desbravar o seu mar. Posso entrar, rainha do mar?
O mar é infinito, o horizonte aponta sempre um novo começo, o fim é só o ponto onde você não chegou. Para frente e avante, desbravador dos sete mares, com respeito a iemanjá. Do mar o que é dele, ao homem o que do homem: a posição de minúsculo ser em um lugar cheio de tudo.
Tem horas que me sinto mar, sou marola e maremoto, meu humor é o vento que agita os sete mares. Não acolho canoa e nem deixo entrar barco pequeno, não recebo bem os intrusos, não deixo quem não sabe nadar, brincar. Jogo com a vida, me mantenho alerta, sou paz e paciência, sou grito e intolerância, sou extrema. Sou muitas para ser uma só.
Mas, respeito quem pede a graça de iemanjá antes de mergulhar. Acolho barco preparado, pessoas abastecidas com vida vivida, sou democrática e não cobro a entrada. Deve ser por isso que você entrou, com tantas qualidades escondidas e levou lá para o fundo a paz que guardei aqui, na beirada, sentada. Peço a graça de iemanjá para desbravar o seu mar. Posso entrar, rainha do mar?
terça-feira, outubro 12, 2010
o que não pode ter
Gostava do seu sorriso quando me dizia que estava com frio. Da sua mania de dormir de meias que te davam um ar de inocência quase infantil. Gostava de sentir que o mundo poderia acabar enquanto estávamos guardados dentro do nosso castelo erguido em cumplicidade. Éramos cúmplices de pecados que não se confessam, éramos aliados criando uma história, escrevendo um livro, filmando um conto, aumentando os pontos.
Sempre gostei dos jogos, da tensão, do desafio, de te segurar com força e depois te soltar devagar enquanto sentia que você queria estar nas minhas mãos. Mas, por birra, ia até a sala fazer algo que não importava. E daí, a vida me fez querer voar de novo. Você não entendeu que só precisa respirar, abrir a porta da nossa cumplicidade, testar os meus limites, encontrar um novo desafio, por capricho, eu precisava sair. Fui e quando voltei notei que já não dava mais para ficar. O seu conforto me pareceu clausura. Foi você quem não notou que eu precisava de compreensão e só me ofereceu perguntas.
Gostava do seu sorriso quando me dizia que estava com frio. Da sua mania de dormir de meias que te davam um ar de inocência quase infantil. Gostava de sentir que o mundo poderia acabar enquanto estávamos guardados dentro do nosso castelo erguido em cumplicidade. Éramos cúmplices de pecados que não se confessam, éramos aliados criando uma história, escrevendo um livro, filmando um conto, aumentando os pontos.
Sempre gostei dos jogos, da tensão, do desafio, de te segurar com força e depois te soltar devagar enquanto sentia que você queria estar nas minhas mãos. Mas, por birra, ia até a sala fazer algo que não importava. E daí, a vida me fez querer voar de novo. Você não entendeu que só precisa respirar, abrir a porta da nossa cumplicidade, testar os meus limites, encontrar um novo desafio, por capricho, eu precisava sair. Fui e quando voltei notei que já não dava mais para ficar. O seu conforto me pareceu clausura. Foi você quem não notou que eu precisava de compreensão e só me ofereceu perguntas.
segunda-feira, outubro 04, 2010
ich verstehe nicht
Me desespera a calma, as milhares de obrigações, o que poderia ser uma paixão e se acaba por precaução. Poderíamos tudo se estivéssemos sozinhos. Poderíamos desenhar um novo mundo onde o tédio se transformasse em melodia. Seríamos sempre desafio para nunca cair na mesmice. Seria sua segurança mais insegura só para olhar você se mover em busca das minhas mãos. Como um gato, desconfiado, porém amoroso na medida do impossível. Queria te sentir por perto, pensando se é pelo conforto ou pelo cheiro. Se sou apenas uma projeção dos seus desejos oprimidos ou se sou a mudança deles. Queria segurar suas mãos no escuro e soltar o pensamento.
Quero sem sentido, sem razão, quero pelos instantes de um agora ou pelo tempo do desconhecido. Quero o que desconheço em você, quero encontrar novos caminhos para os mesmos prazeres, quero desfazer os medos e transformar a vida em caos, sem perder a melodia. Quero sentir tudo como se o sentir pudesse destruir os meus sentidos...
Me desespera a calma, as milhares de obrigações, o que poderia ser uma paixão e se acaba por precaução. Poderíamos tudo se estivéssemos sozinhos. Poderíamos desenhar um novo mundo onde o tédio se transformasse em melodia. Seríamos sempre desafio para nunca cair na mesmice. Seria sua segurança mais insegura só para olhar você se mover em busca das minhas mãos. Como um gato, desconfiado, porém amoroso na medida do impossível. Queria te sentir por perto, pensando se é pelo conforto ou pelo cheiro. Se sou apenas uma projeção dos seus desejos oprimidos ou se sou a mudança deles. Queria segurar suas mãos no escuro e soltar o pensamento.
Quero sem sentido, sem razão, quero pelos instantes de um agora ou pelo tempo do desconhecido. Quero o que desconheço em você, quero encontrar novos caminhos para os mesmos prazeres, quero desfazer os medos e transformar a vida em caos, sem perder a melodia. Quero sentir tudo como se o sentir pudesse destruir os meus sentidos...
We might make out when nobody's there
It's not that we're scared
It's just that it's delicate
Damien Rice
It's not that we're scared
It's just that it's delicate
Damien Rice
domingo, setembro 12, 2010
Reação em cadeia
Conheço um monte de gente que é de poucas harmonias. Muitas vezes a minha inabilidade de aceitar qualquer melodia esbarra a de alguém e as duas simplesmente criam um arranjo novo. Mas, antes de música, falo da física e da química. Dois corpos nunca ocupam dois lugares no espaço, isso a química diz. Das poucas aulas de química que assisti, eram meu inferno no colégio, também lembro da mistura, onde um ou dois corpos diferentes formam uma mistura e que as energias se somam, entretanto, para isso, eles devem ter o mesmo número de átomos.
Pensei em como tenho uma inabilidade natural para relacionamentos. As respostas estavam em uma música que ouvi muito esse ano, mentalmente separei cada um dos instrumentos, ouvi duas vezes para deixar um em cada grupo teclado/piano/bateria/voz e em outro elementos eletrônicos/baixo/bateria. Com isso, ouvi pela terceira vez e toquei todos os instrumentos simultaneamente. Como justificativa para tanta habilidade de tocar tantos instrumentos ao mesmo tempo separando eles em apenas dois conjuntos, notei que nunca, em hipótese alguma, ainda que pressupostas, um som interferia no outro. É como pensar que, prestando atenção, é mentira quando alguém diz "estava um silêncio profundo que até dava para ouvir os grilos", no espaço que o grilo faz aquele barulho, o seu silêncio foi interrompido. Mas, é harmônico ouvir o grilo interrompendo o silêncio, assim como algumas melodias agradam e outras incomodam.
Com isso, os relacionamentos são bons, mas formam o terceiro elemento. Não existem metades de uma mesma laranja, quando você cortou a fruta, ela passou a ser dois pedaços, deixou de ser só uma laranja para ser duas metades de uma. Logo formou outra coisa, um terceiro elemento que se comparado com a vida: quando duas pessoas se encontram sempre resulta em algo entre amor, amizade, companheirismo, necessidade, compatibilidade, ira, irritação, negação e infinitas palavras que envolvem o sentir ou pensar. Mas, cada um desses sentimentos podem dar a impressão de ser outro por sempre poder ter temperatura e massa diferentes. Duas pessoas não podem fisicamente ocupar o mesmo lugar no espaço, pensando assim apenas se gera uma mistura. Que pode explodir, que pode reagir e dar em algo incrível, que pode reagir e dar em um desastre.
Com tudo isso, só notei que sou apenas um reagente, não combino com positivo e nem com negativo e encontro poucos elementos neutros. Os meus poucos e bons amigos, meus pensamentos que estão entre os átomos e portanto são neutros e todas as coisas que a física ou a química não explicam. Mas, penso o que não se explica? Descartei o amor porquê isso também é um conjunto de reações do sistema nervoso. A dúvida é: "o que, então?" Ainda não sei e, espero, nunca descubra. Não saber é sempre combustível para aumentar os desafios em busca das respostas...
Conheço um monte de gente que é de poucas harmonias. Muitas vezes a minha inabilidade de aceitar qualquer melodia esbarra a de alguém e as duas simplesmente criam um arranjo novo. Mas, antes de música, falo da física e da química. Dois corpos nunca ocupam dois lugares no espaço, isso a química diz. Das poucas aulas de química que assisti, eram meu inferno no colégio, também lembro da mistura, onde um ou dois corpos diferentes formam uma mistura e que as energias se somam, entretanto, para isso, eles devem ter o mesmo número de átomos.
Pensei em como tenho uma inabilidade natural para relacionamentos. As respostas estavam em uma música que ouvi muito esse ano, mentalmente separei cada um dos instrumentos, ouvi duas vezes para deixar um em cada grupo teclado/piano/bateria/voz e em outro elementos eletrônicos/baixo/bateria. Com isso, ouvi pela terceira vez e toquei todos os instrumentos simultaneamente. Como justificativa para tanta habilidade de tocar tantos instrumentos ao mesmo tempo separando eles em apenas dois conjuntos, notei que nunca, em hipótese alguma, ainda que pressupostas, um som interferia no outro. É como pensar que, prestando atenção, é mentira quando alguém diz "estava um silêncio profundo que até dava para ouvir os grilos", no espaço que o grilo faz aquele barulho, o seu silêncio foi interrompido. Mas, é harmônico ouvir o grilo interrompendo o silêncio, assim como algumas melodias agradam e outras incomodam.
Com isso, os relacionamentos são bons, mas formam o terceiro elemento. Não existem metades de uma mesma laranja, quando você cortou a fruta, ela passou a ser dois pedaços, deixou de ser só uma laranja para ser duas metades de uma. Logo formou outra coisa, um terceiro elemento que se comparado com a vida: quando duas pessoas se encontram sempre resulta em algo entre amor, amizade, companheirismo, necessidade, compatibilidade, ira, irritação, negação e infinitas palavras que envolvem o sentir ou pensar. Mas, cada um desses sentimentos podem dar a impressão de ser outro por sempre poder ter temperatura e massa diferentes. Duas pessoas não podem fisicamente ocupar o mesmo lugar no espaço, pensando assim apenas se gera uma mistura. Que pode explodir, que pode reagir e dar em algo incrível, que pode reagir e dar em um desastre.
Com tudo isso, só notei que sou apenas um reagente, não combino com positivo e nem com negativo e encontro poucos elementos neutros. Os meus poucos e bons amigos, meus pensamentos que estão entre os átomos e portanto são neutros e todas as coisas que a física ou a química não explicam. Mas, penso o que não se explica? Descartei o amor porquê isso também é um conjunto de reações do sistema nervoso. A dúvida é: "o que, então?" Ainda não sei e, espero, nunca descubra. Não saber é sempre combustível para aumentar os desafios em busca das respostas...
quarta-feira, setembro 08, 2010
Remando contra a maré
Em pouco tempo notei que não faço parte do grupo. Porque além de ter outras prioridades, não faço a menor questão de fazer. O seleto grupo de jornalistas musicais. Tem o peter pan, o que não notou que passou o tempo de ser criança. Tem o que lê a NME e reproduz, faz chegar, bate na mesma tecla e lista todas as bandas que a revista dá como "a promessa do verão". Tem o que reclama e senta para escrever matéria sobre o novo disco da nova banda que toca a cada dois minutos no rádio. Tem o que recebe um CD com a instrução, não fale mal, mas fale.
Quando achei que unir duas grandes paixões fosse ser um mar de rosas, pensei que encontraria pessoas (dentro disso) que dividissem a paixão em comum. Não quero resenhar um CD apontando cada nuance da gravação, enumerar todos os instrumentos quando ele não foge do lugar comum, me interessa o estranho, uma gaita de fole, de repente. Música para mim tem cheiro, tem alma, tem que bater com a minha razão, as letras precisam conversar comigo, é disso que gosto, é disso que falo por vontade, é isso que é (a minha) verdade. Me dou o direito de comprar brigas que são minhas. Por sorte, uma hora por semana, me entrego a algo que me dá prazer. Entrego uma hora para pessoas que ganharam minha confiança e respeito. Beto é uma surpresa grudada na outra. Daniel já tocou Tom Waits. Pitty foi quem ajudou a fecundar o embrião do que viria a ser algo que descobrimos a cada dia. Um filho que aprende as palavras enquanto enrola as sílabas.
Mas, voltando ao ponto de partida, não faço parte dos jornalistas musicais e nunca vou fazer. Não quero fazer parte do grupo de pessoas que ouvem o último disco e escrevem qualquer besteira descrevendo tudo que mata a vontade de alguém ouvir. Não quero falar só do que gosto. Mas, quero fazer o outro sentir junto. Música para mim é pulsação e todos pulsam, ainda que em ritmos diferentes.
Também tem o grupo dos que queriam ser músicos. Daí, nesses, você nota aquela crucial inveja de quem não conseguiu fazer melhor. Também não faço parte desse grupo, minha coordenação motora é medíocre e me orgulho dela. Só quero tocar piano, na próxima vida ou na velhice, hei de aprender. Mas, é satisfação pessoal, é fascínio, puro e simples.
Quem sabe eu sou só a ovelha desgarrada da profissão ou unir paixão e trabalho pode provocar diversos questionamentos de uma mulher na TPM. Enfim, todas as opções são válidas, eu acho.
Em pouco tempo notei que não faço parte do grupo. Porque além de ter outras prioridades, não faço a menor questão de fazer. O seleto grupo de jornalistas musicais. Tem o peter pan, o que não notou que passou o tempo de ser criança. Tem o que lê a NME e reproduz, faz chegar, bate na mesma tecla e lista todas as bandas que a revista dá como "a promessa do verão". Tem o que reclama e senta para escrever matéria sobre o novo disco da nova banda que toca a cada dois minutos no rádio. Tem o que recebe um CD com a instrução, não fale mal, mas fale.
Quando achei que unir duas grandes paixões fosse ser um mar de rosas, pensei que encontraria pessoas (dentro disso) que dividissem a paixão em comum. Não quero resenhar um CD apontando cada nuance da gravação, enumerar todos os instrumentos quando ele não foge do lugar comum, me interessa o estranho, uma gaita de fole, de repente. Música para mim tem cheiro, tem alma, tem que bater com a minha razão, as letras precisam conversar comigo, é disso que gosto, é disso que falo por vontade, é isso que é (a minha) verdade. Me dou o direito de comprar brigas que são minhas. Por sorte, uma hora por semana, me entrego a algo que me dá prazer. Entrego uma hora para pessoas que ganharam minha confiança e respeito. Beto é uma surpresa grudada na outra. Daniel já tocou Tom Waits. Pitty foi quem ajudou a fecundar o embrião do que viria a ser algo que descobrimos a cada dia. Um filho que aprende as palavras enquanto enrola as sílabas.
Mas, voltando ao ponto de partida, não faço parte dos jornalistas musicais e nunca vou fazer. Não quero fazer parte do grupo de pessoas que ouvem o último disco e escrevem qualquer besteira descrevendo tudo que mata a vontade de alguém ouvir. Não quero falar só do que gosto. Mas, quero fazer o outro sentir junto. Música para mim é pulsação e todos pulsam, ainda que em ritmos diferentes.
Também tem o grupo dos que queriam ser músicos. Daí, nesses, você nota aquela crucial inveja de quem não conseguiu fazer melhor. Também não faço parte desse grupo, minha coordenação motora é medíocre e me orgulho dela. Só quero tocar piano, na próxima vida ou na velhice, hei de aprender. Mas, é satisfação pessoal, é fascínio, puro e simples.
Quem sabe eu sou só a ovelha desgarrada da profissão ou unir paixão e trabalho pode provocar diversos questionamentos de uma mulher na TPM. Enfim, todas as opções são válidas, eu acho.
domingo, setembro 05, 2010
círculos
Correndo. Sempre dou um jeito de não deixar dar certo, de fugir, de me armar, de acabar, de esquecer os meus planos mentais, de soltar minhas mãos. Vou mais rápido, por um caminho diferente e chego antes no limite. Pulo os obstáculos e me equilibro melhor com minhas mãos livres. Sou bicho acuado, sou gato manso que volta para o lar, cavalo indomado, sou pônei calmo guiado por uma criança no campo, sou faceira, sou mistério, sou falante, sou silêncio, sou direção e não sou caminho enquanto sou milhares e sou uma. Gosto do seu olho que pede provação. Gosto dos seus gestos (in)seguros. Gosto do jeito que não gostamos da situação. Mas, gosto de saber que não gosto mais como antes. Você e suas variáveis não preenchem a minha equação. Seus mistérios se guardam. Suas perguntas se respondem com medo. Você, como tantos, é só mais um daqueles que tem medo de estar só e eu preciso tanto disso também.
Correndo. Sempre dou um jeito de não deixar dar certo, de fugir, de me armar, de acabar, de esquecer os meus planos mentais, de soltar minhas mãos. Vou mais rápido, por um caminho diferente e chego antes no limite. Pulo os obstáculos e me equilibro melhor com minhas mãos livres. Sou bicho acuado, sou gato manso que volta para o lar, cavalo indomado, sou pônei calmo guiado por uma criança no campo, sou faceira, sou mistério, sou falante, sou silêncio, sou direção e não sou caminho enquanto sou milhares e sou uma. Gosto do seu olho que pede provação. Gosto dos seus gestos (in)seguros. Gosto do jeito que não gostamos da situação. Mas, gosto de saber que não gosto mais como antes. Você e suas variáveis não preenchem a minha equação. Seus mistérios se guardam. Suas perguntas se respondem com medo. Você, como tantos, é só mais um daqueles que tem medo de estar só e eu preciso tanto disso também.
Okay, digo, preciso estar (com você) a sós.
domingo, agosto 22, 2010
the lost art of keeping a secret
Eu gosto quando fica evidente o desejo e o interesse subentendido. Não sou direta, já não me revelo se sinto insegurança, não piso em lugares completamente desconhecidos, não jogo os dados sem que eles estejam viciados. Posso levar anos até desfrutar dois minutos. Já não me sinto uma garota impulsiva, não quero o breve e efémero, não me contento com menos do que tudo. Mesmo que tudo seja pouco, quero completamente, pelos poucos minutos que ele tem. No fim das contas, aprendi a ser prática. É ou não é. Quer ou não quer. Depois de muito perder, só gasto as horas de devaneios com o que me importa.
Errada para acertar e sem a paciência do para sempre. Nunca importei de me machucar, desde que fosse real. Nunca pedi garantias, nunca dei garantias, me ter é sempre o risco de viver um agora. Porque eu vou mudar de ideia, não vou achar tudo tão interessante no dia seguinte, não vou querer discutir nenhuma questão importante da vida. Tem dias que prefiro não ser e me preocupar com a cor do esmalte. Tem dias que prefiro não preferir nada só para abdicar da obrigação de escolher alguma coisa.
Mas, claro, mais cedo ou mais tarde sempre aparece um porém. Alguma coisa muda a ordem das coisas, coloca dúvida onde morava uma certeza e nós faz pensar como seria se fosse diferente. Tenho um segredo que nasceu dentro do seu abraço naquele dia que não me lembro qual. O seu abraço firme seguido do som da sua respiração de alívio ou cansaço no meu ouvido. Você tem alguma coisa, eu entendo. Tem as coisas todas e elas te tem. No one can know how we feel?
Não sei se você se sente assim em relação a isso. Não sei como você se sente. Não sei se você sente. Um mistério enorme baseado em inconstância. Revisito o passado colocando as flores no lugar. Rescrevo as histórias a procura do que é possível mudar. Tudo isso enquanto espero... você.
Eu gosto quando fica evidente o desejo e o interesse subentendido. Não sou direta, já não me revelo se sinto insegurança, não piso em lugares completamente desconhecidos, não jogo os dados sem que eles estejam viciados. Posso levar anos até desfrutar dois minutos. Já não me sinto uma garota impulsiva, não quero o breve e efémero, não me contento com menos do que tudo. Mesmo que tudo seja pouco, quero completamente, pelos poucos minutos que ele tem. No fim das contas, aprendi a ser prática. É ou não é. Quer ou não quer. Depois de muito perder, só gasto as horas de devaneios com o que me importa.
Errada para acertar e sem a paciência do para sempre. Nunca importei de me machucar, desde que fosse real. Nunca pedi garantias, nunca dei garantias, me ter é sempre o risco de viver um agora. Porque eu vou mudar de ideia, não vou achar tudo tão interessante no dia seguinte, não vou querer discutir nenhuma questão importante da vida. Tem dias que prefiro não ser e me preocupar com a cor do esmalte. Tem dias que prefiro não preferir nada só para abdicar da obrigação de escolher alguma coisa.
Mas, claro, mais cedo ou mais tarde sempre aparece um porém. Alguma coisa muda a ordem das coisas, coloca dúvida onde morava uma certeza e nós faz pensar como seria se fosse diferente. Tenho um segredo que nasceu dentro do seu abraço naquele dia que não me lembro qual. O seu abraço firme seguido do som da sua respiração de alívio ou cansaço no meu ouvido. Você tem alguma coisa, eu entendo. Tem as coisas todas e elas te tem. No one can know how we feel?
Não sei se você se sente assim em relação a isso. Não sei como você se sente. Não sei se você sente. Um mistério enorme baseado em inconstância. Revisito o passado colocando as flores no lugar. Rescrevo as histórias a procura do que é possível mudar. Tudo isso enquanto espero... você.
I think you already know
How far I’d go not to say
You know the art isn't gone
And I’m taking our song to the grave
Whatever you do
Don’t tell anyone
QotSA
How far I’d go not to say
You know the art isn't gone
And I’m taking our song to the grave
Whatever you do
Don’t tell anyone
QotSA
terça-feira, agosto 10, 2010
Ser ou estar?
Esse ano vai me matar de velocidade. Tudo acontecendo em um ritmo alucinante. Informações, oportunidades, planos, ideias, paixões que duram os minutos de uma conversa e evaporam em segundos. Me pego pensando em quanto disso me tem. Quais são as coisas que dizem mais do que apenas palavras, o que traduzo em sentimentos e decodifico em emoções desconhecidas.
Foi preciso perder tudo para dar lugar a algo que não possuo ainda. E, me pego mais uma vez na beira do precipício, já quis tanto pular. Mudar de país, de língua, de vida. Mas, será que ainda quero? Demorou tanto para me sentir parte do meu lugar. Será saudável deixar de. Será que nunca vou apenas conseguir lidar com o que tenho sem precisar procurar algo que não tenho ainda. Essa doença que consome Cristina, que inspirou Woody Allen, que acusou Maria Elena e que me tem em chamas: insatisfação crônica. Mas, hoje, queria só um abraço e sentir que o caminho é apenas deixar estar. Enquanto há onde estar, é aqui que quero, é disso que preciso, são esses sorrisos, são essas palavras, é esse agora até que ele não seja mais presente e me torne passado, na sua vida, enfim.
Esse ano vai me matar de velocidade. Tudo acontecendo em um ritmo alucinante. Informações, oportunidades, planos, ideias, paixões que duram os minutos de uma conversa e evaporam em segundos. Me pego pensando em quanto disso me tem. Quais são as coisas que dizem mais do que apenas palavras, o que traduzo em sentimentos e decodifico em emoções desconhecidas.
Foi preciso perder tudo para dar lugar a algo que não possuo ainda. E, me pego mais uma vez na beira do precipício, já quis tanto pular. Mudar de país, de língua, de vida. Mas, será que ainda quero? Demorou tanto para me sentir parte do meu lugar. Será saudável deixar de. Será que nunca vou apenas conseguir lidar com o que tenho sem precisar procurar algo que não tenho ainda. Essa doença que consome Cristina, que inspirou Woody Allen, que acusou Maria Elena e que me tem em chamas: insatisfação crônica. Mas, hoje, queria só um abraço e sentir que o caminho é apenas deixar estar. Enquanto há onde estar, é aqui que quero, é disso que preciso, são esses sorrisos, são essas palavras, é esse agora até que ele não seja mais presente e me torne passado, na sua vida, enfim.
sexta-feira, julho 30, 2010
so bring me consciousness and kill my innocence
Se eu tivesse que definir parte desse ano, o fim do passado, encontraria uma única palavra: realização. Em passos pequenos cheguei em lugares que não imaginei, encontrei pessoas que dividiam ideais parecidos, mundos similares e me senti parte. Parte de um todo que construímos juntos.
Saciei minha sede de mundo e me senti satisfeita. Dominei as rédeas da minha vida, encontrei paz e calma no meio do caos. Criei, produzi, dividi e me senti bem. Vivi noites sem dia seguinte, dias sem noites, vivi intensamente. Contive pecados, guardei desejos, reservei pensamentos. Me contive. Entre extremos o principal foi revelado sem palavras.
Mas, encontro uma, a mesma do início: realização.
Se eu tivesse que definir parte desse ano, o fim do passado, encontraria uma única palavra: realização. Em passos pequenos cheguei em lugares que não imaginei, encontrei pessoas que dividiam ideais parecidos, mundos similares e me senti parte. Parte de um todo que construímos juntos.
Saciei minha sede de mundo e me senti satisfeita. Dominei as rédeas da minha vida, encontrei paz e calma no meio do caos. Criei, produzi, dividi e me senti bem. Vivi noites sem dia seguinte, dias sem noites, vivi intensamente. Contive pecados, guardei desejos, reservei pensamentos. Me contive. Entre extremos o principal foi revelado sem palavras.
Mas, encontro uma, a mesma do início: realização.
quinta-feira, julho 29, 2010
ressaca (i)moral.
Me apaixono, vivo, mentalizo, realizo. Me desapaixono e esvazio. Reencontro os detalhes que incomodam no processo contrário, ignoro eles quando vou e os percebo quando volto. Mas, não me importo, gosto do processo de sentir sem perceber, sem notar, sem querer. Gosto quando algo me toma o controle e segura um pouco a onda que sempre tento manter só minha. É bom sair de mim sem perceber enquanto tudo se faz em simplicidade. Mas, gosto de voltar, de sentir o gosto bom da liberdade e das vontades latentes. Gosto dos extremos e do que encontro entre eles. Gosto das pessoas compatíveis que sabem viver os domingos de ócio e as noites de fúria. Mas, principalmente, de quem divide o dia seguinte cheio de frutas, água, dor de cabeça e a vontade sobrenatural de abraçar alguém só para sentir que ainda é possível... ser real.
Me apaixono, vivo, mentalizo, realizo. Me desapaixono e esvazio. Reencontro os detalhes que incomodam no processo contrário, ignoro eles quando vou e os percebo quando volto. Mas, não me importo, gosto do processo de sentir sem perceber, sem notar, sem querer. Gosto quando algo me toma o controle e segura um pouco a onda que sempre tento manter só minha. É bom sair de mim sem perceber enquanto tudo se faz em simplicidade. Mas, gosto de voltar, de sentir o gosto bom da liberdade e das vontades latentes. Gosto dos extremos e do que encontro entre eles. Gosto das pessoas compatíveis que sabem viver os domingos de ócio e as noites de fúria. Mas, principalmente, de quem divide o dia seguinte cheio de frutas, água, dor de cabeça e a vontade sobrenatural de abraçar alguém só para sentir que ainda é possível... ser real.
sábado, julho 17, 2010
Either way you're wrong
Um mistério, é assim que te vejo, um monte de perguntas sem respostas, um monte de respostas sem perguntas, um monte de coisa que não se reconhece. Ao mesmo tempo que esbanja segurança, parece um garoto carente a espera de alguém que te tome nos braços. Ao mesmo tempo que parece saber sobre tudo, se confunde com as datas e os dados. Seu olhar é triste e profundo, é alegre e sincero, seu olhar me olha de um jeito que incomoda. Me sinto nua a cada vez que vejo você dentro dos meus olhos, sem nenhuma proteção, sem nada para fingir, nada.
Ao mesmo tempo, quero de você apenas distância. Quero manter minha cabeça no lugar, minha vida andando por onde anda, meus problemas longe de serem grandes, proteger os meus pensamentos que não enfrentam os de alguém assim. Você mudou a ordem das coisas. Dentre todas as pessoas que sempre achei babacas, saiu você, compatível e diferente. Sincero. Sinto na sua voz uma sinceridade que não noto nos outros. Eu que já havia desistido dos outros e me entregue a boêmia, me vi procurando calma. Trocando noites de absurdo por dias de calmaria. Trocando tardes de muita coisa por coisa nenhuma. Me peguei, medindo ganhos e perdas, procurando critérios para te incluir ou descartar de mim. Me peguei entre planos que não quero executar e pensamentos que não quero ter.
Outra vez, o acaso rege minha vida. Eu, indomável, sou domada por pensamentos que não se concretizaram (ainda).
Um mistério, é assim que te vejo, um monte de perguntas sem respostas, um monte de respostas sem perguntas, um monte de coisa que não se reconhece. Ao mesmo tempo que esbanja segurança, parece um garoto carente a espera de alguém que te tome nos braços. Ao mesmo tempo que parece saber sobre tudo, se confunde com as datas e os dados. Seu olhar é triste e profundo, é alegre e sincero, seu olhar me olha de um jeito que incomoda. Me sinto nua a cada vez que vejo você dentro dos meus olhos, sem nenhuma proteção, sem nada para fingir, nada.
Ao mesmo tempo, quero de você apenas distância. Quero manter minha cabeça no lugar, minha vida andando por onde anda, meus problemas longe de serem grandes, proteger os meus pensamentos que não enfrentam os de alguém assim. Você mudou a ordem das coisas. Dentre todas as pessoas que sempre achei babacas, saiu você, compatível e diferente. Sincero. Sinto na sua voz uma sinceridade que não noto nos outros. Eu que já havia desistido dos outros e me entregue a boêmia, me vi procurando calma. Trocando noites de absurdo por dias de calmaria. Trocando tardes de muita coisa por coisa nenhuma. Me peguei, medindo ganhos e perdas, procurando critérios para te incluir ou descartar de mim. Me peguei entre planos que não quero executar e pensamentos que não quero ter.
Outra vez, o acaso rege minha vida. Eu, indomável, sou domada por pensamentos que não se concretizaram (ainda).
quarta-feira, julho 14, 2010
sonho para dormir acordada
Sempre tive alguma coisa com os sonhos. Quando criança vivia neles, em um mundo paralelo cheio dessa coisa complexa demais para se resumir em uma palavra. Os anos se passaram, me vi entre o da padaria e o da psicologia, sempre adorando os dois. A diferença é que um me enche de culpa e e outro me isenta dela. Me sinto levemente traindo o movimento feminino quando como um sonho sem dó, me culpo por não sentir culpa e dessa forma, me sinto culpada. E nos sonhos, no reino encantando onde o meu subconsciente dá o tom, não conheço o significado dos limites, da moral, ignoro a existência da culpa.
Essa noite sonhei como se estivesse acordada. Me vi realizando os desejos reprimidos, era real porque provocou sensações e irreal porque o toque era imaginário. As palavras se fizeram em silêncio e eu senti as suas mãos na minha cintura. Pressa e calma, urgência e cumplicidade, extremos e diferentes. Você ali a espera de um sinal meu que dissesse sim ou não. Encostei meu corpo no seu, deitei minha cabeça no seu ombro, te concedi uma passagem para o pecado. E, então, sem mais delongas você me tomou para si. O jogo continuou com detalhes que não se revelam enquanto mudávamos entre risos o papel de caça e caçador. Sempre gostei do jeito que você me olha decidido a acabar com minha indiferença. Gosto do meu jeito de nunca te dizer nada ou de dizer te dando sempre o privilégio da dúvida. Nunca trocamos uma palavra se quer sobre o que existe para provocar essa tensão. No sonho, nesse momento cheio de detalhes que não se confessam, continuamos sem falar. Só aceitamos que o abraço não dura mais por acaso, que os olhares não se cruzam sem razão, que as ideias não batem por coincidência. Dividimos as águas e criamos um segredo.
Uma pena, era um sonho e agora percebo que preciso evitar... você.
Sempre tive alguma coisa com os sonhos. Quando criança vivia neles, em um mundo paralelo cheio dessa coisa complexa demais para se resumir em uma palavra. Os anos se passaram, me vi entre o da padaria e o da psicologia, sempre adorando os dois. A diferença é que um me enche de culpa e e outro me isenta dela. Me sinto levemente traindo o movimento feminino quando como um sonho sem dó, me culpo por não sentir culpa e dessa forma, me sinto culpada. E nos sonhos, no reino encantando onde o meu subconsciente dá o tom, não conheço o significado dos limites, da moral, ignoro a existência da culpa.
Essa noite sonhei como se estivesse acordada. Me vi realizando os desejos reprimidos, era real porque provocou sensações e irreal porque o toque era imaginário. As palavras se fizeram em silêncio e eu senti as suas mãos na minha cintura. Pressa e calma, urgência e cumplicidade, extremos e diferentes. Você ali a espera de um sinal meu que dissesse sim ou não. Encostei meu corpo no seu, deitei minha cabeça no seu ombro, te concedi uma passagem para o pecado. E, então, sem mais delongas você me tomou para si. O jogo continuou com detalhes que não se revelam enquanto mudávamos entre risos o papel de caça e caçador. Sempre gostei do jeito que você me olha decidido a acabar com minha indiferença. Gosto do meu jeito de nunca te dizer nada ou de dizer te dando sempre o privilégio da dúvida. Nunca trocamos uma palavra se quer sobre o que existe para provocar essa tensão. No sonho, nesse momento cheio de detalhes que não se confessam, continuamos sem falar. Só aceitamos que o abraço não dura mais por acaso, que os olhares não se cruzam sem razão, que as ideias não batem por coincidência. Dividimos as águas e criamos um segredo.
Uma pena, era um sonho e agora percebo que preciso evitar... você.
segunda-feira, julho 12, 2010
Don't leave me high, don't leave me dry
A irritação, a sensibilidade, a vontade de gritar e a necessidade de ficar quietinha. Tudo oscilando e mudando. Vontades absurdas e certezas absolutas trocados pela inconstância. Não sei lidar com o que acho, em um momento enxergo genialidade e no outro, insegurança e babaquice. Como diria o Caio, vivo cansada de sedes afetivas insaciavéis. Me encontro e desencontro nas noites, me perco e preciso me recolher para juntar os pedaços. Vivo vivo vivo e morro por um dia inteiro. Não aguento lidar com meu próprio mau humor, fico em silêncio virando páginas ou mudando a faixa. Fico tentando encontrar a paz, os remédios paliativos para angústia, o placebo que já não me faz mais efeito. Minha cabeça já não constrói cenas, meus pensamentos já não mais perseguem os seus mistérios, os meus sonhos nem sequer sonham. Tudo diferente e tão igual. Nenhum ponto que tenha mudado tudo. Nenhum lugar para chamar de começo ou fim. Tudo em suspenso, revelado entre silêncios, escondidos entre palavras, reservado em pequenas trocas.
E nada mais me alarma, nada mais me surpreende. Achei que os anos iam tirar de mim essa birra juvenil, iam me tornar mais receptiva, mais afetiva. Mas, não. Fui entrando cada vez mais na vida de cada vez menos. Me sinto plena com poucas pessoas. Me sinto segura dentro de poucos braços. Me sinto feliz em pequenos momentos. Eu, sentada aqui, esperando que ainda possa...
A irritação, a sensibilidade, a vontade de gritar e a necessidade de ficar quietinha. Tudo oscilando e mudando. Vontades absurdas e certezas absolutas trocados pela inconstância. Não sei lidar com o que acho, em um momento enxergo genialidade e no outro, insegurança e babaquice. Como diria o Caio, vivo cansada de sedes afetivas insaciavéis. Me encontro e desencontro nas noites, me perco e preciso me recolher para juntar os pedaços. Vivo vivo vivo e morro por um dia inteiro. Não aguento lidar com meu próprio mau humor, fico em silêncio virando páginas ou mudando a faixa. Fico tentando encontrar a paz, os remédios paliativos para angústia, o placebo que já não me faz mais efeito. Minha cabeça já não constrói cenas, meus pensamentos já não mais perseguem os seus mistérios, os meus sonhos nem sequer sonham. Tudo diferente e tão igual. Nenhum ponto que tenha mudado tudo. Nenhum lugar para chamar de começo ou fim. Tudo em suspenso, revelado entre silêncios, escondidos entre palavras, reservado em pequenas trocas.
E nada mais me alarma, nada mais me surpreende. Achei que os anos iam tirar de mim essa birra juvenil, iam me tornar mais receptiva, mais afetiva. Mas, não. Fui entrando cada vez mais na vida de cada vez menos. Me sinto plena com poucas pessoas. Me sinto segura dentro de poucos braços. Me sinto feliz em pequenos momentos. Eu, sentada aqui, esperando que ainda possa...
terça-feira, julho 06, 2010
someone to hold my hand
Uma vida recheada de clichês desses de filme, de música, de teatro, de literatura, de arte que transpira e respira a sensibilidade dos seus iguais. Os da vida real, os que criam e recriam formas diferentes de fazer a mesma coisa.
Tantas vezes não mudo por preguiça, refaço a rota de hábitos me esquivando das lembranças. Tento escrever uma história diferente a cada novo personagem. Mas, sempre me encontro com aquela teoria maluca que ainda vou levar na pele, "eterno retorno".
São as mesmas sensações, os mesmos medos, os mesmos clichês. Me desfaço do que passou, abro espaço para o novo e, de repente, me pego igual ainda que diferente. Mudam as companhias, os horários, as vontades. Mudam e são iguais.
Quanto ainda vou precisar escrever até acabarem as palavras? Queria encontrar conforto no silêncio. Não sei se é busca ou espera. Busco apenas o momento de esperar. Mas, não quero nada de definitivo com poucos letras como amor ou fim. Queria apenas sentir as sensações desconhecidas. Busco busco busco e canso.
Uma vida recheada de clichês desses de filme, de música, de teatro, de literatura, de arte que transpira e respira a sensibilidade dos seus iguais. Os da vida real, os que criam e recriam formas diferentes de fazer a mesma coisa.
Tantas vezes não mudo por preguiça, refaço a rota de hábitos me esquivando das lembranças. Tento escrever uma história diferente a cada novo personagem. Mas, sempre me encontro com aquela teoria maluca que ainda vou levar na pele, "eterno retorno".
São as mesmas sensações, os mesmos medos, os mesmos clichês. Me desfaço do que passou, abro espaço para o novo e, de repente, me pego igual ainda que diferente. Mudam as companhias, os horários, as vontades. Mudam e são iguais.
Quanto ainda vou precisar escrever até acabarem as palavras? Queria encontrar conforto no silêncio. Não sei se é busca ou espera. Busco apenas o momento de esperar. Mas, não quero nada de definitivo com poucos letras como amor ou fim. Queria apenas sentir as sensações desconhecidas. Busco busco busco e canso.
domingo, julho 04, 2010
sete anos e contando
Basta uma tarde para notar a sorte que tenho. Milhares de pessoas passam. Rostos conhecidos e nomes desconhecidos. Nomes conhecidos e rostos desconhecidos. Todos mudando e alguns me mudando um pouco. Mas são passageiros, efêmeros, como romance que dura uma noite só, como uma música que tem só três minutos, como melodia que cansa depois de ser ouvida demais, como dias que tem apenas vinte e quatro horas e por isso os minutos são contados, a vida é contida.
Eu tenho mais. Tenho uma tarde inteira passando leve na companhia da melhor parte de mim. Da amizade sem limites, da certeza absoluta, das conversas mais produtivas, de concordar e discordar, de querer proteger e querer matar. No nosso xadrez mental uma peça movida é sempre um novo ponto a repensar. É quando eu paro diante do que sou e não gostaria. É quando noto devagar que meus defeitos fazem parte de mim, tanto e com tanta necessidade, que não saberia me desfazer de alguns deles. Penso dentro de tudo que acontece o que é verdadeiramente meu, o que é orgulho, o que é precisão e o que é realidade. O real que me impulsa em sonhos e que abstraio na vida. Vivo dos sonhos fazendo da realidade uma coisa para mais tarde. Mas, tenho sorte, tanta sorte que tenho vontade de estampar o conforto em uma camiseta.
É, eu sei que o mundo pode mudar, milhares de coisas podem acontecer, os limites podem ser testados, os problemas mudarem de proporções, os lugares serem outros, o país e a língua serem diferentes, o futuro ser incerto. Mas, sei também, sem dúvidas, que terei mais milhares de anos dessa amizade. A melhor parte de mim, você é assim. :)
Basta uma tarde para notar a sorte que tenho. Milhares de pessoas passam. Rostos conhecidos e nomes desconhecidos. Nomes conhecidos e rostos desconhecidos. Todos mudando e alguns me mudando um pouco. Mas são passageiros, efêmeros, como romance que dura uma noite só, como uma música que tem só três minutos, como melodia que cansa depois de ser ouvida demais, como dias que tem apenas vinte e quatro horas e por isso os minutos são contados, a vida é contida.
Eu tenho mais. Tenho uma tarde inteira passando leve na companhia da melhor parte de mim. Da amizade sem limites, da certeza absoluta, das conversas mais produtivas, de concordar e discordar, de querer proteger e querer matar. No nosso xadrez mental uma peça movida é sempre um novo ponto a repensar. É quando eu paro diante do que sou e não gostaria. É quando noto devagar que meus defeitos fazem parte de mim, tanto e com tanta necessidade, que não saberia me desfazer de alguns deles. Penso dentro de tudo que acontece o que é verdadeiramente meu, o que é orgulho, o que é precisão e o que é realidade. O real que me impulsa em sonhos e que abstraio na vida. Vivo dos sonhos fazendo da realidade uma coisa para mais tarde. Mas, tenho sorte, tanta sorte que tenho vontade de estampar o conforto em uma camiseta.
É, eu sei que o mundo pode mudar, milhares de coisas podem acontecer, os limites podem ser testados, os problemas mudarem de proporções, os lugares serem outros, o país e a língua serem diferentes, o futuro ser incerto. Mas, sei também, sem dúvidas, que terei mais milhares de anos dessa amizade. A melhor parte de mim, você é assim. :)
terça-feira, junho 29, 2010
Intro
Entra, pode ficar a vontade. Não precisa ter vergonha. Gosto do jeito que você me olha como se fosse capaz de tirar toda minha proteção com seus olhos. Suas mãos me abraçam com força, seus dedos me encontram, seus pensamentos parecem se completar com os meus, em silêncio. Você é um enigma cheio de variáveis que adoraria decifrar. É o fogo que adoraria sentir. É tanto e tudo ao mesmo tempo. Mas, é melhor ter cautela ao sorrir. Não acredite que sou tão garota diante dos seus olhos famintos. Já estive no seu lugar, em outro jogo. Sei o quanto de mim é desafio, outra parte conquista e depois o desinteresse. Não pense que me importo por conhecer o fim. Sempre me interessa muito mais o caminho e, com você, sinto que ele levará calmamente ao desinteresse, ao fim com a confiança reforçada pelos segredos compartilhados.
Me interessa o quanto você pode mudar o que conheço. Seus pensamentos maduros e imaturos às vezes tão únicos e outras tão comuns. Gosto de você comum como se fosse deveras um adjetivo não ter que se proteger diante de tantas coisas que nos fazem diferentes. É ainda mais corajoso admitir que muitas vezes somos simplesmente banais.
Coloco a música bem alto para calar os meus pensamentos. Leio, procuro, revejo textos antigos, palavras que falei e as que ouvi, bilhetes, papéis de teatro, filipetas de peças, marcas materiais do meu passado. Não encontro nada parecido com você. Eu, ingênua, no alto dos meus poucos anos achando que já tinha visto muito. Até ser obrigada a revisitar os lugares que já andei, as pessoas de quem gostei, os sonhos que tive e os que realizei. Passei a limpo o sentir só para ter certeza que poderia sentir de novo.
Dessa vez, diferente? Talvez.
ps. a música intro do xx que ajudou a transformar essa intro em palavras.
Entra, pode ficar a vontade. Não precisa ter vergonha. Gosto do jeito que você me olha como se fosse capaz de tirar toda minha proteção com seus olhos. Suas mãos me abraçam com força, seus dedos me encontram, seus pensamentos parecem se completar com os meus, em silêncio. Você é um enigma cheio de variáveis que adoraria decifrar. É o fogo que adoraria sentir. É tanto e tudo ao mesmo tempo. Mas, é melhor ter cautela ao sorrir. Não acredite que sou tão garota diante dos seus olhos famintos. Já estive no seu lugar, em outro jogo. Sei o quanto de mim é desafio, outra parte conquista e depois o desinteresse. Não pense que me importo por conhecer o fim. Sempre me interessa muito mais o caminho e, com você, sinto que ele levará calmamente ao desinteresse, ao fim com a confiança reforçada pelos segredos compartilhados.
Me interessa o quanto você pode mudar o que conheço. Seus pensamentos maduros e imaturos às vezes tão únicos e outras tão comuns. Gosto de você comum como se fosse deveras um adjetivo não ter que se proteger diante de tantas coisas que nos fazem diferentes. É ainda mais corajoso admitir que muitas vezes somos simplesmente banais.
Coloco a música bem alto para calar os meus pensamentos. Leio, procuro, revejo textos antigos, palavras que falei e as que ouvi, bilhetes, papéis de teatro, filipetas de peças, marcas materiais do meu passado. Não encontro nada parecido com você. Eu, ingênua, no alto dos meus poucos anos achando que já tinha visto muito. Até ser obrigada a revisitar os lugares que já andei, as pessoas de quem gostei, os sonhos que tive e os que realizei. Passei a limpo o sentir só para ter certeza que poderia sentir de novo.
Dessa vez, diferente? Talvez.
ps. a música intro do xx que ajudou a transformar essa intro em palavras.
domingo, junho 27, 2010
when the night is cold...
Eu já não sou a mesma. Meus pensamentos mudaram, meus dias mudaram, as companhias, as conversas, os interesses, os momentos. Tudo mudou e por que só você que continua constante? Em algum momento deixei a minha vida aberta demais ou te entreguei as chaves das portas escondidas, sem notar.
Tuas palavras, as que conheço o destinatário, me doem como farpas. Não só pelo fato de conhecer o destinatário. Mas, também, por sentir que desconheço o remetente. Te procuro nas entrelinhas e não vejo, não encontro, não sei. Sei que você tem passado por um tempo estranho enquanto troca minutos com as risadas. Rir de tudo, com tudo, por tudo. Se trocar por piadas, por momentos, pelo efêmero que um dia também tanto me guiou na vida. Pelo entorpecimento, por não sentir, por sentir através de algo. Talvez, seja o medo de nunca mais encontrar algo parecido com aquilo. Mas, segura minha mão enquanto te garanto em silêncio que o futuro pode te reservar algo diferente e, talvez, melhor. Mudar nem sempre envolve algo ruim. Para mim, sempre se fizeram necessárias as mudanças.
Mudei mais uma vez. Fiquei curiosa sobre outros aspectos seus. Como o seu corpo responde, como sua respiração fica quando acelerada, qual o som do seu silêncio. Como suas mãos brincam. Onde o seu sorriso aparece, sua vergonha desaparece, seus instintos afloram. Quando o momento te controla. Seus atos se descontrolam. Como é que você é quando não é só você. Você já ardeu em um desejo cego? Já sentiu que o mundo poderia acabar depois de alguns segundos e, que se não vivesse o presente, o futuro se quer seria uma possibilidade?
Você já perdeu (o controle)?
ps. título e trilha sonora. Nick Drake - Day is Gone
Eu já não sou a mesma. Meus pensamentos mudaram, meus dias mudaram, as companhias, as conversas, os interesses, os momentos. Tudo mudou e por que só você que continua constante? Em algum momento deixei a minha vida aberta demais ou te entreguei as chaves das portas escondidas, sem notar.
Tuas palavras, as que conheço o destinatário, me doem como farpas. Não só pelo fato de conhecer o destinatário. Mas, também, por sentir que desconheço o remetente. Te procuro nas entrelinhas e não vejo, não encontro, não sei. Sei que você tem passado por um tempo estranho enquanto troca minutos com as risadas. Rir de tudo, com tudo, por tudo. Se trocar por piadas, por momentos, pelo efêmero que um dia também tanto me guiou na vida. Pelo entorpecimento, por não sentir, por sentir através de algo. Talvez, seja o medo de nunca mais encontrar algo parecido com aquilo. Mas, segura minha mão enquanto te garanto em silêncio que o futuro pode te reservar algo diferente e, talvez, melhor. Mudar nem sempre envolve algo ruim. Para mim, sempre se fizeram necessárias as mudanças.
Mudei mais uma vez. Fiquei curiosa sobre outros aspectos seus. Como o seu corpo responde, como sua respiração fica quando acelerada, qual o som do seu silêncio. Como suas mãos brincam. Onde o seu sorriso aparece, sua vergonha desaparece, seus instintos afloram. Quando o momento te controla. Seus atos se descontrolam. Como é que você é quando não é só você. Você já ardeu em um desejo cego? Já sentiu que o mundo poderia acabar depois de alguns segundos e, que se não vivesse o presente, o futuro se quer seria uma possibilidade?
Você já perdeu (o controle)?
ps. título e trilha sonora. Nick Drake - Day is Gone
terça-feira, junho 22, 2010
only the truth
Não quero ser paralisada pelo medo, por respeito a diferenças ou qualquer outra variante que possa variar em pouco tempo. Me desespera a mera possibilidade de notar que tive uma vida cheia de nada. Nenhuma verdade além das efêmeras e inventadas, nenhum amor que se afaste da carência, ninguém para dividir dias e noites de silêncio, planos, criações, momentos. Uma vida inteira cheia de nada. Cheia até a superfície, tão cheia que me deixa sempre com a sensação de respirar um ar rarefeito, me falta oxigênio quando mergulho muito fundo em coisa alguma. Mas, aparece (o ar) quando vou fundo em alguma coisa. Ainda que indefinível, preciso de algo real, de um caminho por onde caminhar.
Prefiro a falta de garantias, as surpresas, o que pode acontecer. Prefiro caminhar, me mata aos poucos ficar parada. A conquista, simples e fria, não me aquieta. Me irritam as mãos alheias cheias de dedos desconhecidos. As palavras sem fundamento. A transferência de frustrações.
Podemos mudar tudo. Podemos mudar de vida, de cidade, de país, de amizades, de vontade, de corte de cabelo, de rímel preferido. Mas, nada muda uma paixão. Me denunciam as minhas paixões, as coisas que não saberia viver sem, pelas quais daria minha vida. Na verdade, tenho duas grandes paixões inconfessáveis de tão banais. Mas, que são minhas e ninguém conheceu ou foi capaz de tocar. Tenho meus segredos, não me revelo tanto quanto parece, as palavras enganam mais do que esclarecem. Não me conhece quem lê, não conhece quem ouve, não conhece quem vê. Talvez, me conhecer, seja só uma questão de observar, meus olhos, esses sim, me entregam.
Por fim, mais do que nunca, eu sei que na matemática da vida quero números enormes e positivos.
Não quero ser paralisada pelo medo, por respeito a diferenças ou qualquer outra variante que possa variar em pouco tempo. Me desespera a mera possibilidade de notar que tive uma vida cheia de nada. Nenhuma verdade além das efêmeras e inventadas, nenhum amor que se afaste da carência, ninguém para dividir dias e noites de silêncio, planos, criações, momentos. Uma vida inteira cheia de nada. Cheia até a superfície, tão cheia que me deixa sempre com a sensação de respirar um ar rarefeito, me falta oxigênio quando mergulho muito fundo em coisa alguma. Mas, aparece (o ar) quando vou fundo em alguma coisa. Ainda que indefinível, preciso de algo real, de um caminho por onde caminhar.
Prefiro a falta de garantias, as surpresas, o que pode acontecer. Prefiro caminhar, me mata aos poucos ficar parada. A conquista, simples e fria, não me aquieta. Me irritam as mãos alheias cheias de dedos desconhecidos. As palavras sem fundamento. A transferência de frustrações.
Podemos mudar tudo. Podemos mudar de vida, de cidade, de país, de amizades, de vontade, de corte de cabelo, de rímel preferido. Mas, nada muda uma paixão. Me denunciam as minhas paixões, as coisas que não saberia viver sem, pelas quais daria minha vida. Na verdade, tenho duas grandes paixões inconfessáveis de tão banais. Mas, que são minhas e ninguém conheceu ou foi capaz de tocar. Tenho meus segredos, não me revelo tanto quanto parece, as palavras enganam mais do que esclarecem. Não me conhece quem lê, não conhece quem ouve, não conhece quem vê. Talvez, me conhecer, seja só uma questão de observar, meus olhos, esses sim, me entregam.
Por fim, mais do que nunca, eu sei que na matemática da vida quero números enormes e positivos.
domingo, junho 20, 2010
Good times for a change
Tem dias que as noites são melhores e também existe o contrário. As noites que tem dias melhores. Tantas variáveis entre o escuro e a claridade. Hoje passei o dia na cama, sentindo falta de algo, me peguei revisitando pensamentos esclarecidos. Sempre separando o que sou do que é, porque é claro, assumimos diversos personagens. Poucos de fato encostam no que sou, arisca como um gato, só me sinto em casa reconhecendo conforto no cheiro. Mas, tem aquilo que é, levemente variável, porque o estado é imutável para a visão alheia. Entre o que sou, o que é e o ser. Fico com o meu ser. Esse que é o que sou quando consigo ser. Senti falta da cumplicidade de um olhar, do toque de uma mão inteligente, de uma mente brilhando colorida enquanto me presenteia com o genuíno silêncio das palavras contidas.
Descobri na cama, em silêncio, que meu corpo está cansado, minhas costas soltaram os nós de tensão e onde eles estiveram sinto uma leveza estranha. Com os nós desatados encontro um caminho de possibilidades que não sei como caminhar. Minha segurança é insegura, viro menina enquanto pareço mulher, me encolho em dúvidas, me refaço e desfaço. Penso se tanta proteção não acaba me tirando de alguma coisa. Tenho preguiça e medo de colocar novas marcas em cima das do passado, tenho medo de ter que lidar com tanta coisa que não quero, tenho medo. "Lose yourself, but don't lose your mind".
Em um tempo cheio de dúvidas, vontades variáveis e invariantes.
Tem dias que as noites são melhores e também existe o contrário. As noites que tem dias melhores. Tantas variáveis entre o escuro e a claridade. Hoje passei o dia na cama, sentindo falta de algo, me peguei revisitando pensamentos esclarecidos. Sempre separando o que sou do que é, porque é claro, assumimos diversos personagens. Poucos de fato encostam no que sou, arisca como um gato, só me sinto em casa reconhecendo conforto no cheiro. Mas, tem aquilo que é, levemente variável, porque o estado é imutável para a visão alheia. Entre o que sou, o que é e o ser. Fico com o meu ser. Esse que é o que sou quando consigo ser. Senti falta da cumplicidade de um olhar, do toque de uma mão inteligente, de uma mente brilhando colorida enquanto me presenteia com o genuíno silêncio das palavras contidas.
Descobri na cama, em silêncio, que meu corpo está cansado, minhas costas soltaram os nós de tensão e onde eles estiveram sinto uma leveza estranha. Com os nós desatados encontro um caminho de possibilidades que não sei como caminhar. Minha segurança é insegura, viro menina enquanto pareço mulher, me encolho em dúvidas, me refaço e desfaço. Penso se tanta proteção não acaba me tirando de alguma coisa. Tenho preguiça e medo de colocar novas marcas em cima das do passado, tenho medo de ter que lidar com tanta coisa que não quero, tenho medo. "Lose yourself, but don't lose your mind".
Em um tempo cheio de dúvidas, vontades variáveis e invariantes.
quinta-feira, junho 17, 2010
i'm a war of head versus heart (and it's always this way)
Tem horas que a gente muda. De direção. De vontade. De sentir. De querer. De pensar. De agir. De ser. Tem horas que a gente muda, sem ser bom ou ruim, apenas diferente. Sem ser preciso ou impreciso, apenas um fato.
Tem horas que a gente pinta o futuro, desenha um presente, apaga o passado. Tem horas que a gente apenas vive.
Tem horas que a gente conversa sobre a vida, divaga sobre os pensamentos, fala palavras soltas ao vento. Tem horas que a gente fica em silêncio.
Tem horas que a gente cria, inventa, produz. Tem horas que a gente fica quietinho sentindo o som do vazio.
Tem horas que a gente canta, encanta, procura no mistério o som das entrelinhas. Tem horas que os olhos sorriem.
Tem horas que quero com a intensidade do desejo reprimido. Tem horas que não quero. Tem horas que penso. Tem horas que esqueço. Tem horas que odeio. Tem horas que adoro. Tem horas que você ocupa todos os espaços vazios das minhas notas musicais desafinadas. Tem horas que não é você, não é ninguém, tem horas que é só o vazio esperando eu afinar meus instrumentos e construir a música capaz de te trazer (pra cá).
Tem horas que são só horas... Tantas horas.
ps. o título é de crooked teeth do death cab for cutie, uma das minhas bandas mais queridas.
Tem horas que a gente muda. De direção. De vontade. De sentir. De querer. De pensar. De agir. De ser. Tem horas que a gente muda, sem ser bom ou ruim, apenas diferente. Sem ser preciso ou impreciso, apenas um fato.
Tem horas que a gente pinta o futuro, desenha um presente, apaga o passado. Tem horas que a gente apenas vive.
Tem horas que a gente conversa sobre a vida, divaga sobre os pensamentos, fala palavras soltas ao vento. Tem horas que a gente fica em silêncio.
Tem horas que a gente cria, inventa, produz. Tem horas que a gente fica quietinho sentindo o som do vazio.
Tem horas que a gente canta, encanta, procura no mistério o som das entrelinhas. Tem horas que os olhos sorriem.
Tem horas que quero com a intensidade do desejo reprimido. Tem horas que não quero. Tem horas que penso. Tem horas que esqueço. Tem horas que odeio. Tem horas que adoro. Tem horas que você ocupa todos os espaços vazios das minhas notas musicais desafinadas. Tem horas que não é você, não é ninguém, tem horas que é só o vazio esperando eu afinar meus instrumentos e construir a música capaz de te trazer (pra cá).
Tem horas que são só horas... Tantas horas.
ps. o título é de crooked teeth do death cab for cutie, uma das minhas bandas mais queridas.
terça-feira, junho 15, 2010
these are the songs i keep singing
Talvez seja o frio que me enche de saudades ou foi a mistura perigosa de beatles e incerteza. Caminho sem saber onde chegar, vou deixando o acaso iluminar os meus passos. Mas, é bom voltar, sentir você tentando me entender, em vão. Poucas coisas mudam quando a gente sai do lugar. Mas, para contrariar, mudamos tanto. Eu continuo alguém cheia de vontades, com pecados consumados e sedes insaciáveis. E você, se recuperou, se tomou de volta. Enquanto, nós, continuamos nossas vidas em paralelo.
Queria poder responder se seria diferente em outro momento. Talvez. Penso que o caminho teria sido menos tortuoso, penso que escancarar as vontades pode encurtar o desencontro.
Mas, sabemos que o meu você já não é seu. Me confundo tentando decifrar as vontades alheias, continuo errando no mesmo ponto, guardo as reais intenções para um momento oportuno que não chega. Quero tanto de alguma coisa e a razão me traí.
Me pego revisitando minhas certezas, questionando minhas vontades, pensando em quanto de verdade existe ou é só simples irresponsabilidade. Contabilizo o valor que um passo em falso pode me cobrar, não sei se quero pagar, não sei se vale. Em um dia acho que os seus pensamentos são comuns, noutro, geniais. Em um dia você é o pecado que quero cometer, o preço alto que quero pagar, a sede que quero saciar, noutro é só uma aventura sem razão. Milhares de vezes incerto, é assim, não entendo.
ps. o título é dessa música do weezer.
Talvez seja o frio que me enche de saudades ou foi a mistura perigosa de beatles e incerteza. Caminho sem saber onde chegar, vou deixando o acaso iluminar os meus passos. Mas, é bom voltar, sentir você tentando me entender, em vão. Poucas coisas mudam quando a gente sai do lugar. Mas, para contrariar, mudamos tanto. Eu continuo alguém cheia de vontades, com pecados consumados e sedes insaciáveis. E você, se recuperou, se tomou de volta. Enquanto, nós, continuamos nossas vidas em paralelo.
Queria poder responder se seria diferente em outro momento. Talvez. Penso que o caminho teria sido menos tortuoso, penso que escancarar as vontades pode encurtar o desencontro.
Mas, sabemos que o meu você já não é seu. Me confundo tentando decifrar as vontades alheias, continuo errando no mesmo ponto, guardo as reais intenções para um momento oportuno que não chega. Quero tanto de alguma coisa e a razão me traí.
Me pego revisitando minhas certezas, questionando minhas vontades, pensando em quanto de verdade existe ou é só simples irresponsabilidade. Contabilizo o valor que um passo em falso pode me cobrar, não sei se quero pagar, não sei se vale. Em um dia acho que os seus pensamentos são comuns, noutro, geniais. Em um dia você é o pecado que quero cometer, o preço alto que quero pagar, a sede que quero saciar, noutro é só uma aventura sem razão. Milhares de vezes incerto, é assim, não entendo.
ps. o título é dessa música do weezer.
terça-feira, junho 08, 2010
Billie Holiday
Quanto existe de surpresa no que finjo não reparar? Noto cada detalhe enquanto os conservo em suspense. Gosto das provocações, do jeito amistoso de sorrir, dos planos pro futuro.
É barulho, silêncio, ideias misturadas e sonhos inconfessáveis. A madrugada passa diante dos meus olhos enquanto o dia seguinte se revela em compromissos e pecados inacabados.
Faço uma lista de palavras e as transformo em canções, escolho músicas que falem por mim e expressem na melodia as intenções escondidas, me refaço em mistério enquanto tento te ludibriar quanto as más intenções. Logo, noto novas palavras, novas músicas, novas verdades. Tudo em você é novidade e o futuro também. No fim, sabemos como isso termina. Interessa o caminho e os seus olhos sorrindo em confiança. Quero confiar e te sentir confiando. Quero te fazer diferente e notar diferença. Quero algumas coisas que não vou revelar...
Quanto existe de surpresa no que finjo não reparar? Noto cada detalhe enquanto os conservo em suspense. Gosto das provocações, do jeito amistoso de sorrir, dos planos pro futuro.
É barulho, silêncio, ideias misturadas e sonhos inconfessáveis. A madrugada passa diante dos meus olhos enquanto o dia seguinte se revela em compromissos e pecados inacabados.
Faço uma lista de palavras e as transformo em canções, escolho músicas que falem por mim e expressem na melodia as intenções escondidas, me refaço em mistério enquanto tento te ludibriar quanto as más intenções. Logo, noto novas palavras, novas músicas, novas verdades. Tudo em você é novidade e o futuro também. No fim, sabemos como isso termina. Interessa o caminho e os seus olhos sorrindo em confiança. Quero confiar e te sentir confiando. Quero te fazer diferente e notar diferença. Quero algumas coisas que não vou revelar...
quarta-feira, junho 02, 2010
Aos pecadores (e afins)
O pecado me fascina e me aproxima dos errados. Seguimos fazendo tudo do jeito que a intensidade permite. Fazemos, queremos, nos unimos em espaços pequenos. Te desfaço em pensamentos deliciosos enquanto imagino seus olhos se abrindo em surpresa. Quero sentir o seu corpo perto com a força que as suas mãos apertam as minhas. Seu toque me repele. Imagino o que habita seus pensamentos e penso em como seria interessante concretizar o pecado maior que é viver (desse jeito).
Meu cansaço é visível. Noto que de tudo que tenho é o menos que me interessa. Tenho sentido falta das coisas simples, do flerte real, dos olhos se cruzando e se evitando, dos filmes divididos, de resenhar a vida inteira em palavras simples enquanto não falo. Falta do que abri mão por um bem maior. Me concentro e me apaixono por tudo que faço. Me envolvo da cabeça aos pés e, muitas vezes, paixões (pessoais) me dispersam. Fiquei dispersa da vida, dessa vida paralela que sempre soube tão bem levar. Agora me pego pensando em erros e notando que o maior dele foi ter deixado...
Quero tudo de muito. É o meu mal. É querer aproveitar todos os segundos. Sinto sua fala próxima e o seu hálito me diz muito sobre tudo. Quente, é assim, quente. Te escrevo em palavras. Te faço todas as minhas palavras de força, vontade e fé. Você continua sendo um mistério e isso, muito, me interessa. Mas, afinal, qual é a sua?
O pecado me fascina e me aproxima dos errados. Seguimos fazendo tudo do jeito que a intensidade permite. Fazemos, queremos, nos unimos em espaços pequenos. Te desfaço em pensamentos deliciosos enquanto imagino seus olhos se abrindo em surpresa. Quero sentir o seu corpo perto com a força que as suas mãos apertam as minhas. Seu toque me repele. Imagino o que habita seus pensamentos e penso em como seria interessante concretizar o pecado maior que é viver (desse jeito).
Meu cansaço é visível. Noto que de tudo que tenho é o menos que me interessa. Tenho sentido falta das coisas simples, do flerte real, dos olhos se cruzando e se evitando, dos filmes divididos, de resenhar a vida inteira em palavras simples enquanto não falo. Falta do que abri mão por um bem maior. Me concentro e me apaixono por tudo que faço. Me envolvo da cabeça aos pés e, muitas vezes, paixões (pessoais) me dispersam. Fiquei dispersa da vida, dessa vida paralela que sempre soube tão bem levar. Agora me pego pensando em erros e notando que o maior dele foi ter deixado...
Quero tudo de muito. É o meu mal. É querer aproveitar todos os segundos. Sinto sua fala próxima e o seu hálito me diz muito sobre tudo. Quente, é assim, quente. Te escrevo em palavras. Te faço todas as minhas palavras de força, vontade e fé. Você continua sendo um mistério e isso, muito, me interessa. Mas, afinal, qual é a sua?
terça-feira, junho 01, 2010
não devemos
Metade é desafio, a outra se divide em fascínio e mistério. São os olhos, o jeito de falar, o toque e as letras. Te colocaria em um lugar da minha vida que visitasse com pouca frequência só para aumentar a intensidade dos encontros. Te reservaria um pedaço de mim que desconheço só para conhecermos, algo novo, juntos. Me interessam os seus pensamentos, as suas histórias, a sua vida diferente da minha, os seus casos do passado e o que o futuro reserva. Me interessa notar que somos compatíveis. Paixão e liberdade em doses equivalentes, misture isso a um descompromisso natural de quem sabe que não é só um, me tenha e tenha você.
Não deixo claro minhas más intenções. Revelo, mudo de ideia, sou inconstante. Um dia te acho um gênio, no outro, comum. Um dia você domina meus pensamentos e acaba com minha concentração, no outro, me irrita profundamente a lembrança de você. É físico quando está por perto, os seus olhos me intimidam enquanto você fala perto, tão perto que posso sentir você perto (demais). Me afasto, te afasto, nos afastamos. Tell me why you make me crazy, tell me how?
Metade é desafio, a outra se divide em fascínio e mistério. São os olhos, o jeito de falar, o toque e as letras. Te colocaria em um lugar da minha vida que visitasse com pouca frequência só para aumentar a intensidade dos encontros. Te reservaria um pedaço de mim que desconheço só para conhecermos, algo novo, juntos. Me interessam os seus pensamentos, as suas histórias, a sua vida diferente da minha, os seus casos do passado e o que o futuro reserva. Me interessa notar que somos compatíveis. Paixão e liberdade em doses equivalentes, misture isso a um descompromisso natural de quem sabe que não é só um, me tenha e tenha você.
Não deixo claro minhas más intenções. Revelo, mudo de ideia, sou inconstante. Um dia te acho um gênio, no outro, comum. Um dia você domina meus pensamentos e acaba com minha concentração, no outro, me irrita profundamente a lembrança de você. É físico quando está por perto, os seus olhos me intimidam enquanto você fala perto, tão perto que posso sentir você perto (demais). Me afasto, te afasto, nos afastamos. Tell me why you make me crazy, tell me how?
quinta-feira, maio 27, 2010
Sete minutos (ou mais)
A incompreensão é um presente. Aceito sem defeito que não existe um efeito para as causas que você me entregou. Atravesso o continente com uma leve melodia enquanto a música se faz cada vez mais importante. Escrevemos em linhas tortas uma história em letras que nunca são ditas. O grito cada vez mais alto e silencioso. São os ouvidos dos que sentem de forma leve o que não está certo. Certo e errado. Certo e errado. Errado e certo. Inverte a ordem e quem criou isso? Quem afirmou que estar certo é bom ou que estar errado é ruim. Quem definiu céu e inferno. O que é o inferno além daquele lugar na augusta?
Tem horas que a vida me faz sentir minúscula. Em outras, gigante. Não caibo nos estreitos que possuo e me sinto pequena ao olhar inúmeras possibilidades. Sempre quero mais de algo que não conheço, não sei, não tenho. E quero menos. Paz, grama, música boa, vento gelado, a vida passando lenta enquanto me sinto bem. Tenho me sentido bem. Apesar de. Apesar da angústia continuar intacta, dos sonhos se renovarem e serem incompreensíveis, de ter me afastado de várias pessoas, de ter saudades de outras, de esquecer algumas coisas, de lembrar de outras, da falta, das cidades longe, dos países distantes. Apesar, apesar, apesar. Sem pesar, eu repenso e acalmo os monstros enquanto ouço uma música de sete minutos. Sete minutos. Só mais...
A incompreensão é um presente. Aceito sem defeito que não existe um efeito para as causas que você me entregou. Atravesso o continente com uma leve melodia enquanto a música se faz cada vez mais importante. Escrevemos em linhas tortas uma história em letras que nunca são ditas. O grito cada vez mais alto e silencioso. São os ouvidos dos que sentem de forma leve o que não está certo. Certo e errado. Certo e errado. Errado e certo. Inverte a ordem e quem criou isso? Quem afirmou que estar certo é bom ou que estar errado é ruim. Quem definiu céu e inferno. O que é o inferno além daquele lugar na augusta?
Tem horas que a vida me faz sentir minúscula. Em outras, gigante. Não caibo nos estreitos que possuo e me sinto pequena ao olhar inúmeras possibilidades. Sempre quero mais de algo que não conheço, não sei, não tenho. E quero menos. Paz, grama, música boa, vento gelado, a vida passando lenta enquanto me sinto bem. Tenho me sentido bem. Apesar de. Apesar da angústia continuar intacta, dos sonhos se renovarem e serem incompreensíveis, de ter me afastado de várias pessoas, de ter saudades de outras, de esquecer algumas coisas, de lembrar de outras, da falta, das cidades longe, dos países distantes. Apesar, apesar, apesar. Sem pesar, eu repenso e acalmo os monstros enquanto ouço uma música de sete minutos. Sete minutos. Só mais...
terça-feira, maio 25, 2010
Capricho
É a sua segurança. O seu jeito de correr no mundo. O som do sorriso e a forma das suas mãos. É o seu abraço que me recolhe em calma. São os olhos que se cruzam e se repelem. É a impossibilidade e a distância. São as diferenças e as igualdades. É complementaridade de quem te empresta loucura enquanto se alimenta de sobriedade. Me envolve sem escolha enquanto ainda estou aqui. Me toma e se toma. Me dê e se dê o direito de ser. Me empreste um minuto do seu silêncio. Grite mudo as palavras que adoraria ouvir. Me toque e recolhe o que é seu. Longe, não quero. Por perto, espero. Minha cabeça não acredita em você, te vê uma farsa que respira leve a profusão de sons desinteressantes só para continuar. A sua inércia se precipita quando fala perto. Seus minutos se transformam em horas. Seus dias se fazem semanas. Os meses virão anos. Seus segundos correm. Não nota o instante agora e continua. A minha cabeça te acha desinteressante. Porém, ainda existe algo que não decifrei e é por desafio, por teimosia, por angústia, por fim que quero carregar o seu cheiro (em mim).
É a sua segurança. O seu jeito de correr no mundo. O som do sorriso e a forma das suas mãos. É o seu abraço que me recolhe em calma. São os olhos que se cruzam e se repelem. É a impossibilidade e a distância. São as diferenças e as igualdades. É complementaridade de quem te empresta loucura enquanto se alimenta de sobriedade. Me envolve sem escolha enquanto ainda estou aqui. Me toma e se toma. Me dê e se dê o direito de ser. Me empreste um minuto do seu silêncio. Grite mudo as palavras que adoraria ouvir. Me toque e recolhe o que é seu. Longe, não quero. Por perto, espero. Minha cabeça não acredita em você, te vê uma farsa que respira leve a profusão de sons desinteressantes só para continuar. A sua inércia se precipita quando fala perto. Seus minutos se transformam em horas. Seus dias se fazem semanas. Os meses virão anos. Seus segundos correm. Não nota o instante agora e continua. A minha cabeça te acha desinteressante. Porém, ainda existe algo que não decifrei e é por desafio, por teimosia, por angústia, por fim que quero carregar o seu cheiro (em mim).
quinta-feira, maio 20, 2010
o meu você pra mim
Notei que ao meu lado existe um vazio que preencho com nada. Me coloco tão distante de todos, protejo minha solidão, reconheço uma canção, lembro de um filme, leio um livro e me reservo. Conservo um pedaço de mim intocável, escondido, guardado até que ele seja tomado por alguém que entra sem pedir licença. Os olhos sorriem, as palavras se formam, cada vez mais perto, perto, perto. Longe. Por proteção, por certeza, por medo.
Queria segurar a sua mão e garantir que tudo vai dar certo, que certo e errado é só uma variante insignificante e que o futuro é realmente agora. Desejo, impulso, perto, perto, perto. Longe. Me seguro, te seguro e desenho um novo momento.
"Viver é não ter que transplantar, doar, sangrar, trocar, chamar, pedir, mentir, falar, justificar no caixa". Tulipa Ruiz, aqui.
Notei que ao meu lado existe um vazio que preencho com nada. Me coloco tão distante de todos, protejo minha solidão, reconheço uma canção, lembro de um filme, leio um livro e me reservo. Conservo um pedaço de mim intocável, escondido, guardado até que ele seja tomado por alguém que entra sem pedir licença. Os olhos sorriem, as palavras se formam, cada vez mais perto, perto, perto. Longe. Por proteção, por certeza, por medo.
Queria segurar a sua mão e garantir que tudo vai dar certo, que certo e errado é só uma variante insignificante e que o futuro é realmente agora. Desejo, impulso, perto, perto, perto. Longe. Me seguro, te seguro e desenho um novo momento.
"Viver é não ter que transplantar, doar, sangrar, trocar, chamar, pedir, mentir, falar, justificar no caixa". Tulipa Ruiz, aqui.
terça-feira, maio 11, 2010
nova era
Me desarmei. Acabei com todas as ilusões do passado para dar lugar a planos novinhos em folha, com menos ilusões, é verdade. Quero mais de um monte de coisas e ao mesmo tempo quero paz. Me sinto leve e livre pelas ruas de San Pablo, me emociono com passantes enquanto os observo em silêncio. Tenho estado cada vez mais longe de todos para estar perto de mim. Sempre tive milhares de problemas para confiar nas pessoas, não divido os mesmos gostos e tenho completa repulsa por obrigações. No colegial você bebe para fazer parte, não queria, não bebia, não fiz parte. Na faculdade você precisa saber discutir política internacional da Árabia Saudita, não queria, não podia, não discuti e fiquei com a turma dos que ouvem música e usam xadrez, éramos os macacos em um circo onde os outros queriam se divertir. Nunca fiz parte dos que tinham um tratado com a diversão. Me divirto absurdos conversando sobre nada em um café esquecido ou olhando uma estrela brilhar.
Hoje lembro das vezes que amei errado. Porque tenho um faro sensacional para o erro, para o desafio, para alguma coisa que sempre parece fora de foco. Vejo beleza onde não tem. Me interesso pelo desinteressante. Sou vários mistérios que não sei decifrar. É o mal de quem é milhares, nunca vai ganhar no UNO, não importa quantos jogos e quais as cartas que você tem na mão. Porém, vamos jogar mais uma rodada?
Me desarmei. Acabei com todas as ilusões do passado para dar lugar a planos novinhos em folha, com menos ilusões, é verdade. Quero mais de um monte de coisas e ao mesmo tempo quero paz. Me sinto leve e livre pelas ruas de San Pablo, me emociono com passantes enquanto os observo em silêncio. Tenho estado cada vez mais longe de todos para estar perto de mim. Sempre tive milhares de problemas para confiar nas pessoas, não divido os mesmos gostos e tenho completa repulsa por obrigações. No colegial você bebe para fazer parte, não queria, não bebia, não fiz parte. Na faculdade você precisa saber discutir política internacional da Árabia Saudita, não queria, não podia, não discuti e fiquei com a turma dos que ouvem música e usam xadrez, éramos os macacos em um circo onde os outros queriam se divertir. Nunca fiz parte dos que tinham um tratado com a diversão. Me divirto absurdos conversando sobre nada em um café esquecido ou olhando uma estrela brilhar.
Hoje lembro das vezes que amei errado. Porque tenho um faro sensacional para o erro, para o desafio, para alguma coisa que sempre parece fora de foco. Vejo beleza onde não tem. Me interesso pelo desinteressante. Sou vários mistérios que não sei decifrar. É o mal de quem é milhares, nunca vai ganhar no UNO, não importa quantos jogos e quais as cartas que você tem na mão. Porém, vamos jogar mais uma rodada?
quinta-feira, maio 06, 2010
i wonder where you are now
Você apareceu quando eu jurei que não me apaixonaria por mais ninguém. Quando tinha aceitado do destino que o meu amor era irreal demais e só seria correspondido pelas letras, pelos livros, pelas frases cantadas de músicas que transbordam. Foi quando você apareceu com belas frases e a birra com a minha escritora favorita, você nem ao menos respeitar Clarice sempre foi o que mais me incomodou.
Me mostrou meia dúzia de músicas, me contou alguns segredos, se revelou e acabou com o meu juramento. Mas não podíamos, não dava, não conseguiríamos. E, agora, toda vez que ouço Slide Away voo até você. Uma pena, não encontro, agora eu sei, nossa história chama desencontro.
Você apareceu quando eu jurei que não me apaixonaria por mais ninguém. Quando tinha aceitado do destino que o meu amor era irreal demais e só seria correspondido pelas letras, pelos livros, pelas frases cantadas de músicas que transbordam. Foi quando você apareceu com belas frases e a birra com a minha escritora favorita, você nem ao menos respeitar Clarice sempre foi o que mais me incomodou.
Me mostrou meia dúzia de músicas, me contou alguns segredos, se revelou e acabou com o meu juramento. Mas não podíamos, não dava, não conseguiríamos. E, agora, toda vez que ouço Slide Away voo até você. Uma pena, não encontro, agora eu sei, nossa história chama desencontro.
quinta-feira, abril 29, 2010
Sem fim
Nos tempos de paz me atormenta a calmaria e eu revisito os lugares onde já não estou. Reencontro e encontro são uma mesma via pela qual gosto de andar. Bom sentir que os problemas foram superados e o recomeço pode ter a força da superação.
Confesso em silêncio os meus medos. Revelo minha inabilidade com os outros enquanto me refaço. Meu grito é um vazio. Vou por todas as ruas a procura de algo que desconheço, a busca não tem fim enquanto as perguntas se refazem, quero o todo de algo que ainda não tem nome. Um passo a frente e já não estamos no mesmo lugar, um dia Chico Science falou.
Organizo os dias, refaço as rotas, guardo o mapa do tesouro escondido em um além que nunca visitei. Meus planos não tem a validade de uma vida, prefiro a certeza de poder me reinventar, quero ser milhares sem a obrigação de ser só uma. Jornalista, produtora, escritora, editora e o que mais couber nessa vida sem limites.
Vou recolhendo no caminho a minha verdade. Esse é o momento de separar o joio do trigo, reconhecer nos olhares os que quero levar para sempre e os quais são apenas passageiros. Algum encontro em uma vida de tantos desencontros. Música, literatura, psicanálise, tantos canais e é no som de poucas vozes que conheço a verdade.
Nos tempos de paz me atormenta a calmaria e eu revisito os lugares onde já não estou. Reencontro e encontro são uma mesma via pela qual gosto de andar. Bom sentir que os problemas foram superados e o recomeço pode ter a força da superação.
Confesso em silêncio os meus medos. Revelo minha inabilidade com os outros enquanto me refaço. Meu grito é um vazio. Vou por todas as ruas a procura de algo que desconheço, a busca não tem fim enquanto as perguntas se refazem, quero o todo de algo que ainda não tem nome. Um passo a frente e já não estamos no mesmo lugar, um dia Chico Science falou.
Organizo os dias, refaço as rotas, guardo o mapa do tesouro escondido em um além que nunca visitei. Meus planos não tem a validade de uma vida, prefiro a certeza de poder me reinventar, quero ser milhares sem a obrigação de ser só uma. Jornalista, produtora, escritora, editora e o que mais couber nessa vida sem limites.
Vou recolhendo no caminho a minha verdade. Esse é o momento de separar o joio do trigo, reconhecer nos olhares os que quero levar para sempre e os quais são apenas passageiros. Algum encontro em uma vida de tantos desencontros. Música, literatura, psicanálise, tantos canais e é no som de poucas vozes que conheço a verdade.
segunda-feira, abril 19, 2010
(in)COMUM
Hoje me peguei olhando para mim, não para dentro como os poetas, não para os detalhes como os observadores. Olhar do lado de fora, pelo que aparento e pelos papéis que me foram dados. Shorts, jaqueta de couro, all star e uma mochila da estpak enquanto andava com o livro da Clarice na mão até parar e continuar lendo. Por fora tudo igual e por dentro uma cabeça que não para. Me senti óbvia e comum. Como se pudesse me misturar entre tantos.
No instante seguinte já estava em outra dimensão. Notando os encontros e revendo o acaso. O fim do ano passado e começo desse marcou um tempo desconhecido. Uma ideia tomou forma e um inesperado encontro, se é que posso falar assim, se deu. Nunca vou conseguir falar a importância desse alguém. A quebra de um pré-conceito, uma surpresa boa, papos relevantes sobre algumas pequenas coisas sobre as quais não falo. Reservada por definição e um mistério até para mim. Vivo para perder o interesse enquanto conservo certa insatisfação. Me alimento de música e cinema. Devoro páginas de livro enquanto paro para contemplar o silêncio.
Tive medo porque não queria ser o que detestava nos outros. Nunca gostei de me sentir observada. Me desesperava o garoto que escrevia textos sobre os meus gestos e vivia tentando desvendar algo que é apenas simples. Nunca entendi a fama e nunca quis dela, a amizade. Gosto de passar despercebida e de não perceber. Os meus ídolos, na sua maioria, estão mortos porque só assim não corro o risco da decepção. Mas, por surpresa, nada era do que parecia. Existia dentro algumas particularidades encantadoras. Não dentro do todo porque não penetrei no mais fundo, navego pela superfície na correria dos dias, na falta de tempo, nas possibilidades.
Dos papéis que desempenho esse é o mais verdadeiro. É no reino das palavras que desvendo o cotidiano. No trabalho sou a que gosta de música, entende de tecnologia e sempre tem um livro na mesa. Sou a filha com sonhos incompreensíveis que está conquistando espaço. Sou várias para os meus amigos já que fomos escolhidos em silêncio pela identificação.
Talvez, nunca vá de fato, conseguir unir todas as personas. A que parece não é o que sou e o que sou não é o que parece. É tudo um jeito de passar desapercebida e respeitar o silêncio. E, no caminho, aparecem algumas pessoas que fazem uma diferença que nunca vai ser explicada em palavras. Ficamos com o silêncio, enfim...
Hoje me peguei olhando para mim, não para dentro como os poetas, não para os detalhes como os observadores. Olhar do lado de fora, pelo que aparento e pelos papéis que me foram dados. Shorts, jaqueta de couro, all star e uma mochila da estpak enquanto andava com o livro da Clarice na mão até parar e continuar lendo. Por fora tudo igual e por dentro uma cabeça que não para. Me senti óbvia e comum. Como se pudesse me misturar entre tantos.
No instante seguinte já estava em outra dimensão. Notando os encontros e revendo o acaso. O fim do ano passado e começo desse marcou um tempo desconhecido. Uma ideia tomou forma e um inesperado encontro, se é que posso falar assim, se deu. Nunca vou conseguir falar a importância desse alguém. A quebra de um pré-conceito, uma surpresa boa, papos relevantes sobre algumas pequenas coisas sobre as quais não falo. Reservada por definição e um mistério até para mim. Vivo para perder o interesse enquanto conservo certa insatisfação. Me alimento de música e cinema. Devoro páginas de livro enquanto paro para contemplar o silêncio.
Tive medo porque não queria ser o que detestava nos outros. Nunca gostei de me sentir observada. Me desesperava o garoto que escrevia textos sobre os meus gestos e vivia tentando desvendar algo que é apenas simples. Nunca entendi a fama e nunca quis dela, a amizade. Gosto de passar despercebida e de não perceber. Os meus ídolos, na sua maioria, estão mortos porque só assim não corro o risco da decepção. Mas, por surpresa, nada era do que parecia. Existia dentro algumas particularidades encantadoras. Não dentro do todo porque não penetrei no mais fundo, navego pela superfície na correria dos dias, na falta de tempo, nas possibilidades.
Dos papéis que desempenho esse é o mais verdadeiro. É no reino das palavras que desvendo o cotidiano. No trabalho sou a que gosta de música, entende de tecnologia e sempre tem um livro na mesa. Sou a filha com sonhos incompreensíveis que está conquistando espaço. Sou várias para os meus amigos já que fomos escolhidos em silêncio pela identificação.
Talvez, nunca vá de fato, conseguir unir todas as personas. A que parece não é o que sou e o que sou não é o que parece. É tudo um jeito de passar desapercebida e respeitar o silêncio. E, no caminho, aparecem algumas pessoas que fazem uma diferença que nunca vai ser explicada em palavras. Ficamos com o silêncio, enfim...
sexta-feira, abril 16, 2010
Obra inacabada
Tem horas que a cabeça transborda e sai por todos os lados. São todos os pensamentos contidos, os segredos nunca revelados, as coisas que não verbalizo por medo de existirem. Tudo acontecendo em um ritmo intenso.
Sou pelo menos três bem definidas e outras tantas que se misturam a essas. Sou a que trabalha, a que estuda o mundo e as suas formas e a que vive para não ser. Mas, diante do trabalho as outras são secundárias, minhas prioridades e forças voltadas para um único foco. Por sorte encontrei pessoas bacanas para dividir alguns sonhos e realizar utopias.
Mas, hoje, lendo enquanto voltava para casa, me peguei pensando se não ter alguém é realmente uma opção voluntária. Não quero estar me divertindo com um erro e estar ocupada demais para quando for urgente. Porque paixões são urgentes mesmo que durem uma noite só. Cansei do que me atormenta e passa. Queria encontrar alguém que estivesse na mesma busca que eu. Alguém que conseguisse amar uma obra inacabada. Porque, no fundo, é só o que sou. Não quero admirações aparentes. Se eu cantasse teria medo de perder a voz. Se eu pintasse teria medo de perder os movimentos e não ser Frida Kahlo para me reinventar. Mas, sendo o que sou, não quero ter medo de perder (nem ganhar). Não quero ter medo.
Não quero que vejam um todo ilusório, mesmo que tenha plena consciência de esconder as particularidades. Me fascina as pessoas que são várias e a minha capacidade de ser. Me conquista essa traição com as aparências. "Decifra-me ou devoro-te". Assim, provocando e sendo provocada pelo instante agora até que ele passe...
Tem horas que a cabeça transborda e sai por todos os lados. São todos os pensamentos contidos, os segredos nunca revelados, as coisas que não verbalizo por medo de existirem. Tudo acontecendo em um ritmo intenso.
Sou pelo menos três bem definidas e outras tantas que se misturam a essas. Sou a que trabalha, a que estuda o mundo e as suas formas e a que vive para não ser. Mas, diante do trabalho as outras são secundárias, minhas prioridades e forças voltadas para um único foco. Por sorte encontrei pessoas bacanas para dividir alguns sonhos e realizar utopias.
Mas, hoje, lendo enquanto voltava para casa, me peguei pensando se não ter alguém é realmente uma opção voluntária. Não quero estar me divertindo com um erro e estar ocupada demais para quando for urgente. Porque paixões são urgentes mesmo que durem uma noite só. Cansei do que me atormenta e passa. Queria encontrar alguém que estivesse na mesma busca que eu. Alguém que conseguisse amar uma obra inacabada. Porque, no fundo, é só o que sou. Não quero admirações aparentes. Se eu cantasse teria medo de perder a voz. Se eu pintasse teria medo de perder os movimentos e não ser Frida Kahlo para me reinventar. Mas, sendo o que sou, não quero ter medo de perder (nem ganhar). Não quero ter medo.
Não quero que vejam um todo ilusório, mesmo que tenha plena consciência de esconder as particularidades. Me fascina as pessoas que são várias e a minha capacidade de ser. Me conquista essa traição com as aparências. "Decifra-me ou devoro-te". Assim, provocando e sendo provocada pelo instante agora até que ele passe...
domingo, abril 11, 2010
Carta aberta para poucos
A paranóia do Woody me alimenta. O amor por tantas ligações, pelas metáforas, pelo jogo de palavras, o desfile de referências, o descaso com o certo e errado.
Valorizo as relações mentais tanto quanto um abraço. Me acolhe saber que os pensamentos são complementares. Deitar em silêncio no ombro de quem vai entender que não consigo ser a mesma o tempo inteiro. Que vou ser um pouco rabugenta e no momento seguinte posso ser quase uma criança. Vivo oscilando entre as obrigações e o hedonismo. Queria poder inverter meus horários, trocar de uma vez por todas ou meus dias pelas noites. Na verdade, sinto que isso é só um remédio paliativo para uma doença desconhecida. Uma eterna insatisfação. Vivo procurando algo que não conheço. Na verdade, sei o que quero embora tenha encontrado quando não queria mais procurar. Mas, não é assim tão simples. Pode ser só mais um momento para minha grande coleção de erros.
Parece que cansei de viver aqui. Dentro dessa cabeça seletiva demais. Gosto muito de poucas pessoas e apenas relevo as outras. Não sou estúpida com ninguém porque aprendi a respeitar diferenças. Mas, tampouco me interesso por elas. Assim como elas não me entendem eu também não compreendo um monte desse lugar comum. Essa mania opressora de jogar a sua vida nas mãos dos outros. Mas, não fazer isso, ter o controle sobre si, te faz mártir de toda responsabilidade. Não deixar que o outro encoste na sua vida por proteção te dá todas as possibilidades e te tira elas, ao mesmo tempo. De repente, aparece aquela angústia absurda que só toma outra forma com o apoio de melodias ou frases de um filme em uma tarde fria.
Aniversário me bombardeia com emoções distintas. O passado se renova e o futuro parece distante. Fico presa no agora. Vivo o momento presente. E, agora, não me importa o que parece, não me importa o daqui para frente, não importa o quanto corri, não importa nenhuma das reflexões das pessoas que simplesmente não me interessam. O agora tem um pedaço de mim forte, sensível, aberto... Parece ser só agora.
A paranóia do Woody me alimenta. O amor por tantas ligações, pelas metáforas, pelo jogo de palavras, o desfile de referências, o descaso com o certo e errado.
Valorizo as relações mentais tanto quanto um abraço. Me acolhe saber que os pensamentos são complementares. Deitar em silêncio no ombro de quem vai entender que não consigo ser a mesma o tempo inteiro. Que vou ser um pouco rabugenta e no momento seguinte posso ser quase uma criança. Vivo oscilando entre as obrigações e o hedonismo. Queria poder inverter meus horários, trocar de uma vez por todas ou meus dias pelas noites. Na verdade, sinto que isso é só um remédio paliativo para uma doença desconhecida. Uma eterna insatisfação. Vivo procurando algo que não conheço. Na verdade, sei o que quero embora tenha encontrado quando não queria mais procurar. Mas, não é assim tão simples. Pode ser só mais um momento para minha grande coleção de erros.
Parece que cansei de viver aqui. Dentro dessa cabeça seletiva demais. Gosto muito de poucas pessoas e apenas relevo as outras. Não sou estúpida com ninguém porque aprendi a respeitar diferenças. Mas, tampouco me interesso por elas. Assim como elas não me entendem eu também não compreendo um monte desse lugar comum. Essa mania opressora de jogar a sua vida nas mãos dos outros. Mas, não fazer isso, ter o controle sobre si, te faz mártir de toda responsabilidade. Não deixar que o outro encoste na sua vida por proteção te dá todas as possibilidades e te tira elas, ao mesmo tempo. De repente, aparece aquela angústia absurda que só toma outra forma com o apoio de melodias ou frases de um filme em uma tarde fria.
Aniversário me bombardeia com emoções distintas. O passado se renova e o futuro parece distante. Fico presa no agora. Vivo o momento presente. E, agora, não me importa o que parece, não me importa o daqui para frente, não importa o quanto corri, não importa nenhuma das reflexões das pessoas que simplesmente não me interessam. O agora tem um pedaço de mim forte, sensível, aberto... Parece ser só agora.
E o tormento é sempre a solução
Me atormenta a calma e a mansidão
Los Porongas
Me atormenta a calma e a mansidão
Los Porongas
quarta-feira, abril 07, 2010
Feeling good
Aniversário, para mim, é como ano novo particular. Aquilo que as pessoas fazem com a casa, afastam os móveis, tiram sujeiras e se desfazem de lembranças, eu também faço, só que dessa vez, com a vida. Preciso de um dia inteiro para mim, consegui isso ontem, apesar do dia ter sido intenso e cheio de pequenos detalhes e grandes problemas que se desfaziam com a certeza de que tudo vai dar certo.
Lembrei das pessoas que passaram, dos que passarão, dos que ficaram e dos que ficarão. Lembrei do café que minha vó por adoção me dava, eu não gostava porque era muito quente e então ela colocava um pouco de água e eu amava aquele café meio aguado e morno. Acho que quando a gente é criança aprende amar de forma simples. Só que isso passa com o tempo, a partir do momento que o nosso amor começa a ser medido em uma moeda estranha que eu nunca entendi. Continuo amando daquela forma simples. O carinho dos meus pais, as risadas e histórias dos meus amigos, as viagens que sobram carinho e falta juízo, a verdade no olho de alguém que te olha no olho, as palavras de quem tem carinho por elas, o silêncio da caminhada na chuva, as músicas que a gente canta para não esquecer o passado.
Uma palavra para o ano que foi? Intenso. Tudo mudou milhares de vezes e em um ritmo maluco. Comecei a reparar em milhares de coisas que nunca tinha notado. Valorizar ações que eram irrelevantes. Percebi que minha vida é apenas dos poucos e bons. São das pessoas que tem alguma verdade em comum. E é principalmente de quem é de verdade. De quem enfrenta a vida de frente sem medo de assumir "eu errei". Porque é isso, vamos errar e mudar infinitas vezes.
A Clarice explicou "não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma". Dessa forma, mudei mais um pouco esse ano. Olhei o caminho dos meus sonhos e deixei de projetar. Consegui viabilizar uma ideia que pensei fosse demorar anos até ser verdade. Mas, não, está aí. No fim do mês tudo vai ser verdade. No ano que passou conheci pessoas incríveis, a melhor amiga voltou dos Estados Unidos, me livrei de relações desgastadas e vazias em prol de manter tudo igual. Aceitei que seria diferente e é... It's a new day, it's a new life and i'm feeling good.
Aniversário, para mim, é como ano novo particular. Aquilo que as pessoas fazem com a casa, afastam os móveis, tiram sujeiras e se desfazem de lembranças, eu também faço, só que dessa vez, com a vida. Preciso de um dia inteiro para mim, consegui isso ontem, apesar do dia ter sido intenso e cheio de pequenos detalhes e grandes problemas que se desfaziam com a certeza de que tudo vai dar certo.
Lembrei das pessoas que passaram, dos que passarão, dos que ficaram e dos que ficarão. Lembrei do café que minha vó por adoção me dava, eu não gostava porque era muito quente e então ela colocava um pouco de água e eu amava aquele café meio aguado e morno. Acho que quando a gente é criança aprende amar de forma simples. Só que isso passa com o tempo, a partir do momento que o nosso amor começa a ser medido em uma moeda estranha que eu nunca entendi. Continuo amando daquela forma simples. O carinho dos meus pais, as risadas e histórias dos meus amigos, as viagens que sobram carinho e falta juízo, a verdade no olho de alguém que te olha no olho, as palavras de quem tem carinho por elas, o silêncio da caminhada na chuva, as músicas que a gente canta para não esquecer o passado.
Uma palavra para o ano que foi? Intenso. Tudo mudou milhares de vezes e em um ritmo maluco. Comecei a reparar em milhares de coisas que nunca tinha notado. Valorizar ações que eram irrelevantes. Percebi que minha vida é apenas dos poucos e bons. São das pessoas que tem alguma verdade em comum. E é principalmente de quem é de verdade. De quem enfrenta a vida de frente sem medo de assumir "eu errei". Porque é isso, vamos errar e mudar infinitas vezes.
A Clarice explicou "não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma". Dessa forma, mudei mais um pouco esse ano. Olhei o caminho dos meus sonhos e deixei de projetar. Consegui viabilizar uma ideia que pensei fosse demorar anos até ser verdade. Mas, não, está aí. No fim do mês tudo vai ser verdade. No ano que passou conheci pessoas incríveis, a melhor amiga voltou dos Estados Unidos, me livrei de relações desgastadas e vazias em prol de manter tudo igual. Aceitei que seria diferente e é... It's a new day, it's a new life and i'm feeling good.
domingo, abril 04, 2010
'Misterio Stereo'
Gosto de sentir que não preciso. Que os dias vão acontecer e as madrugadas vão me presentear com o que o escuro encobre. Gosto do acaso e do descaso que vivo. Tudo acontecendo em um ritmo maluco, enorme, engraçado, perfeito. E a perfeição me dá medo. Sei que falta pouco até querer algo que não parece tão certo. Preciso cometer um risco sem cor. Aumentar o ritmo, descompassar o volume, roubar um beijo olhando a cidade ou simplesmente vou precisar de nada. Vou querer ouvir o silêncio porque é preciso estar atento para notar que não existe som.
A chuva lavando a cidade dos mil pecados. O guarda-chuva sendo apenas uma tentativa inútil de se esconder. E os carros passam, as histórias se reescrevem, os malucos andam descalços pedindo cigarros, os jovens riem e se obrigam a diversão, os engravatados soltam os nós, os de sempre sentam na mesa do bar para compartilhar medos, felicidade, angústia, teorias. Enfim...
Gosto de sentir que não preciso. Que os dias vão acontecer e as madrugadas vão me presentear com o que o escuro encobre. Gosto do acaso e do descaso que vivo. Tudo acontecendo em um ritmo maluco, enorme, engraçado, perfeito. E a perfeição me dá medo. Sei que falta pouco até querer algo que não parece tão certo. Preciso cometer um risco sem cor. Aumentar o ritmo, descompassar o volume, roubar um beijo olhando a cidade ou simplesmente vou precisar de nada. Vou querer ouvir o silêncio porque é preciso estar atento para notar que não existe som.
A chuva lavando a cidade dos mil pecados. O guarda-chuva sendo apenas uma tentativa inútil de se esconder. E os carros passam, as histórias se reescrevem, os malucos andam descalços pedindo cigarros, os jovens riem e se obrigam a diversão, os engravatados soltam os nós, os de sempre sentam na mesa do bar para compartilhar medos, felicidade, angústia, teorias. Enfim...
sexta-feira, abril 02, 2010
Linha do tempo
Eu sempre fui de extremos. Vivia intensamente cada minuto de uma coisa qualquer. Procurava com força e afinco algo que não tinha certeza do que. Na cabeça, todas as ideias e planos me mostravam apenas um caminho desconhecido. Tive que correr riscos, apostar todas as minhas fichas em um momento incerto. E agora, tudo está acontecendo rápido e dessa vez estou calma.
Só queria conseguir resolver uma coisa. É só esse ar de superioridade que não entendo. Não sei se é por insegurança que você me fere. Mas, cansei, é isso. Não vou tentar mais mesmo que anos de terapia ou novas formas de procurar respostas alternativas e intensas me peçam. Porque apesar da minha aparente desordem tenho alguns paradigmas que sigo. Normalmente é alguma coisa que ficou ecoando na minha cabeça depois de lida ou ouvida em algum filme. E, a premissa máxima é a frase do Antoine de Saint-Exupéry, que fez algumas outras coisas além de escrever o belo "pequeno príncipe". "Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada. Essa é a maior responsabilidade de nossa vida, e a prova de que duas almas não se encontram ao acaso".
É por isso que tento resolver as coisas. É para dormir em paz e não encontrar espinhos no caminho. É para não ter que evitar lugares e provocar situações desconcertantes para as pessoas em comum. Mas, você nunca permitiu facilitar as coisas. Então, chega, né? Me chama de louca, stalker, o inferno que você precisar para se sentir menos pior. Não me importo mais. Acabou.
Eu sempre fui de extremos. Vivia intensamente cada minuto de uma coisa qualquer. Procurava com força e afinco algo que não tinha certeza do que. Na cabeça, todas as ideias e planos me mostravam apenas um caminho desconhecido. Tive que correr riscos, apostar todas as minhas fichas em um momento incerto. E agora, tudo está acontecendo rápido e dessa vez estou calma.
Só queria conseguir resolver uma coisa. É só esse ar de superioridade que não entendo. Não sei se é por insegurança que você me fere. Mas, cansei, é isso. Não vou tentar mais mesmo que anos de terapia ou novas formas de procurar respostas alternativas e intensas me peçam. Porque apesar da minha aparente desordem tenho alguns paradigmas que sigo. Normalmente é alguma coisa que ficou ecoando na minha cabeça depois de lida ou ouvida em algum filme. E, a premissa máxima é a frase do Antoine de Saint-Exupéry, que fez algumas outras coisas além de escrever o belo "pequeno príncipe". "Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada. Essa é a maior responsabilidade de nossa vida, e a prova de que duas almas não se encontram ao acaso".
É por isso que tento resolver as coisas. É para dormir em paz e não encontrar espinhos no caminho. É para não ter que evitar lugares e provocar situações desconcertantes para as pessoas em comum. Mas, você nunca permitiu facilitar as coisas. Então, chega, né? Me chama de louca, stalker, o inferno que você precisar para se sentir menos pior. Não me importo mais. Acabou.
domingo, março 28, 2010
"Cale-me com um segredo
Que eu não possa ver a cor"
Nunca vou conseguir revelar metade do que senti, talvez porque naquelas horas não senti metade, senti um inteiro novo e desconhecido. Entrei no reino do meu mundo particular. Olhei para dentro e encontrei coisas inexplicáveis.
Senti o meu coração bater enquanto não notava que tinha dedos. Meu corpo solto e minha alma vagando. Meus olhos fechados e a cabeça fazendo uma festa de cores, de sons, de luzes. Foi tudo tanto e tão intenso que só posso dizer... particular.
Mais um momento para o caderno da vida. Meu eu.
Que eu não possa ver a cor"
Nunca vou conseguir revelar metade do que senti, talvez porque naquelas horas não senti metade, senti um inteiro novo e desconhecido. Entrei no reino do meu mundo particular. Olhei para dentro e encontrei coisas inexplicáveis.
Senti o meu coração bater enquanto não notava que tinha dedos. Meu corpo solto e minha alma vagando. Meus olhos fechados e a cabeça fazendo uma festa de cores, de sons, de luzes. Foi tudo tanto e tão intenso que só posso dizer... particular.
Mais um momento para o caderno da vida. Meu eu.
domingo, março 21, 2010
(des)Encontro
Apaixonada. Fielmente apaixonada por tudo que tem acontecido nos últimos tempos. Mas, ainda falta a peça que dá um sonífero para a angústia, minha companheira leal. Alguma coisa que falta e não se revela. Um sorriso que não conserta. Uma verdade que não preenche e uma solução definitiva que nunca encontro.
Não existe uma fórmula ou uma certeza que ponha fim nisso. Existem os tratamentos paliativos que me fazem esquecer durante o tempo de uma noite. Os dias de uma viagem. Os minutos de um sorriso importante. As horas de uma conversa relevante. Existem pequenos prazeres que me fazem esquecer o que sempre incomoda.
Já tentei de um tudo. Literatura de todos os espaços. Teorias de vários mundos. Espiritismo, kardecismo, catolicismo, budismo, umbadismo e todos os ismos religiosos. Nada que me dê alguma resposta embora sempre aumente as perguntas. Já vivi de várias formas, visitei vários lugares, conversei com muitas pessoas e poucas me dizem mais do que a programação exige. Todos estão ligados e prontos para falar do simples. Esses dias ganhei uma camiseta em tom de brincadeira que é uma grande verdade. "Clube dos descontentes", eu e Cristina do Woody Allen e uma porção de outras pessoas que fui descobrindo e me identificando pelo caminho. É isso que nós faz crescer, mudar, é o estímulo do desencontro que proporciona pequenos encontros.
Talvez algum dia alguma teoria (me) explique. Mas, agora, vivo do inexplicável (todo o tempo). Sempre assim embora diferente.
Apaixonada. Fielmente apaixonada por tudo que tem acontecido nos últimos tempos. Mas, ainda falta a peça que dá um sonífero para a angústia, minha companheira leal. Alguma coisa que falta e não se revela. Um sorriso que não conserta. Uma verdade que não preenche e uma solução definitiva que nunca encontro.
Não existe uma fórmula ou uma certeza que ponha fim nisso. Existem os tratamentos paliativos que me fazem esquecer durante o tempo de uma noite. Os dias de uma viagem. Os minutos de um sorriso importante. As horas de uma conversa relevante. Existem pequenos prazeres que me fazem esquecer o que sempre incomoda.
Já tentei de um tudo. Literatura de todos os espaços. Teorias de vários mundos. Espiritismo, kardecismo, catolicismo, budismo, umbadismo e todos os ismos religiosos. Nada que me dê alguma resposta embora sempre aumente as perguntas. Já vivi de várias formas, visitei vários lugares, conversei com muitas pessoas e poucas me dizem mais do que a programação exige. Todos estão ligados e prontos para falar do simples. Esses dias ganhei uma camiseta em tom de brincadeira que é uma grande verdade. "Clube dos descontentes", eu e Cristina do Woody Allen e uma porção de outras pessoas que fui descobrindo e me identificando pelo caminho. É isso que nós faz crescer, mudar, é o estímulo do desencontro que proporciona pequenos encontros.
Talvez algum dia alguma teoria (me) explique. Mas, agora, vivo do inexplicável (todo o tempo). Sempre assim embora diferente.
domingo, março 14, 2010
"se você pensa..."
Noite de sábado e eu estou sóbria depois de uma noite diferente. Sinto muito por não ter terminado a madrugada em um bar da augusta respirando o ar dessa quente da cidade. Mas, aos sábados aquele lugar não parece mais ser o meu, apesar dos meus poucos anos todos os últimos foram passados naquelas calçadas invertendo a ordem do mundo e reescrevendo a ordem das coisas.
Sábado, augusta e os últimos tempos me mostram só pessoas demais, perdidas demais, embora sempre estivéssemos perdidos (também), tínhamos uma busca. Uma busca que transformávamos em palavras nos guardanapos dos botecos ou em histórias para risadas na manhã seguinte. Mas, hoje, só resta uma energia estranha que me toma e me faz viver de um jeito sem manhã seguinte. Não dá. Não quero jogar esse jogo e ser tomada por tanta coisa, sem que elas sejam, ao menos, boas.
Sempre segui experimentando tudo. Enquanto uns brincavam de ligar os pontos até formar um elefante, eu queria as respostas das palavras-cruzadas. Queria o raciocínio do sudoku. Queria muito de tudo só que também queria paz. Me atormenta pensar no desejo reprimido e nessa verdade contida. Não poder falar e tão pouco tocar os seus pensamentos que completam os meus. Que riem em um tom semelhante das regras. Sentir o seu abraço que envolve em respeito as diferenças dos outros. Tocar na sua pele que em brasa espalha o cheiro por onde passa. É o seu cheiro que me persegue.
Você passou de invisível para invencível na luta diária da minha cabeça. E, nela, não existe certo ou errado, forte ou fraco. É só...
Noite de sábado e eu estou sóbria depois de uma noite diferente. Sinto muito por não ter terminado a madrugada em um bar da augusta respirando o ar dessa quente da cidade. Mas, aos sábados aquele lugar não parece mais ser o meu, apesar dos meus poucos anos todos os últimos foram passados naquelas calçadas invertendo a ordem do mundo e reescrevendo a ordem das coisas.
Sábado, augusta e os últimos tempos me mostram só pessoas demais, perdidas demais, embora sempre estivéssemos perdidos (também), tínhamos uma busca. Uma busca que transformávamos em palavras nos guardanapos dos botecos ou em histórias para risadas na manhã seguinte. Mas, hoje, só resta uma energia estranha que me toma e me faz viver de um jeito sem manhã seguinte. Não dá. Não quero jogar esse jogo e ser tomada por tanta coisa, sem que elas sejam, ao menos, boas.
Sempre segui experimentando tudo. Enquanto uns brincavam de ligar os pontos até formar um elefante, eu queria as respostas das palavras-cruzadas. Queria o raciocínio do sudoku. Queria muito de tudo só que também queria paz. Me atormenta pensar no desejo reprimido e nessa verdade contida. Não poder falar e tão pouco tocar os seus pensamentos que completam os meus. Que riem em um tom semelhante das regras. Sentir o seu abraço que envolve em respeito as diferenças dos outros. Tocar na sua pele que em brasa espalha o cheiro por onde passa. É o seu cheiro que me persegue.
Você passou de invisível para invencível na luta diária da minha cabeça. E, nela, não existe certo ou errado, forte ou fraco. É só...
segunda-feira, março 08, 2010
if that's the way it has to be
Alguma coisa fora do lugar. O que e onde deveria estar, não sei. Essa insatisfação permanente, esse espaço sempre me fazendo procurar algo desconhecido. Sinto falta de me apaixonar como antes, sem medo das marcas, sem medo dos tombos, sem medo das pessoas. Diante do passado me protejo no presente. Não me reservo o direito de querer ninguém por mais de alguns segundos. Vivo o efémero e me guardo do cotidiano.
Talvez alguém consiga reinventar a rotina e me fazer querer voltar. Cansada de viver (sempre) uma noite qualquer perdida em lugares que me deixam tão pouco além da ressaca na manhã seguinte. Bukowski me entenderia. Mas, não quero me afogar em jogos e apostar em cavalos. Quero achar a minha saída para a insatisfação. Quero andar pelo meu próprio caminho. Quero tantas coisas (que nem sei o nome).
ps. título de Bandoliers do Them Crooked Vultures.
Alguma coisa fora do lugar. O que e onde deveria estar, não sei. Essa insatisfação permanente, esse espaço sempre me fazendo procurar algo desconhecido. Sinto falta de me apaixonar como antes, sem medo das marcas, sem medo dos tombos, sem medo das pessoas. Diante do passado me protejo no presente. Não me reservo o direito de querer ninguém por mais de alguns segundos. Vivo o efémero e me guardo do cotidiano.
Talvez alguém consiga reinventar a rotina e me fazer querer voltar. Cansada de viver (sempre) uma noite qualquer perdida em lugares que me deixam tão pouco além da ressaca na manhã seguinte. Bukowski me entenderia. Mas, não quero me afogar em jogos e apostar em cavalos. Quero achar a minha saída para a insatisfação. Quero andar pelo meu próprio caminho. Quero tantas coisas (que nem sei o nome).
ps. título de Bandoliers do Them Crooked Vultures.
sábado, março 06, 2010
all is love
Os dias corridos tinham me condicionado a viver para fora. Precisava dividir o ar com tantas coisas que pareciam me sufocar. Por mais que tivesse tanto, de tudo, todas as coisas me diziam algo que não me importava. Ficava por várias horas procurando o que de errado havia comigo. Queria entender porque a minha cabeça vive sempre em um ritmo maluco e os sonhos parecem sempre a fuga que a noite me proporciona. Por tanto tempo achei que o erro estava em mim, até perceber que o caminho e o acertos também estarão. Vou ser escrava da minha vontade e refém dos meus desejos. Seguirei por todos os caminhos procurando algum que me diga algo além. Me sinto bem com pessoas que transpiram paixão pelas mesmas coisas que eu. Parte de um todo que me interesse e por mais que o ar seja rarefeito, em uma sala pequena e apertada, não sinto a falta de ar constante. Por um espaço de tempo o oxigênio faz o seu papel essencial e provoca aquelas reações cheia de fórmulas que nunca aprendi.
Caminhei por vários quarteirões na Paulista iluminada e impessoal. Consegui ver sem ser vista. Olhar casais e seus cachorros. Ver crianças segurando a mão dos pais apressados que parecem não terem se desligado do que passou. Sinto compaixão por elas - invisíveis - que crescem em meio a essa selva de pedra. Lembrei da fuga para Bahia nas férias, de andar de bicicleta e brincar de pedrinha (cinco pedras, joga uma pega a outra, joga uma pega duas, joga uma pega três, joga uma e pega as quatro). De subir na laranjeira e ir até o mais alto de uma árvore qualquer. Meu corpo ainda carrega as marcas da infância. Olho para as crianças que serão esquecidas em milhares de aulas que dirão muito pouco. Se vive pela metade nessa cidade e se vive por inteiro. Noite e dia te dão e tiram na mesma proporção. Um eterno perde e ganha.
De tudo que perdi e ganhei, guardo o essencial. Tenho poucos e bons amigos. Vários conhecidos e desconhecidos íntimos. Respiro essa ciranda de sentimentos que poucos devem entender. É estranho ser milhares sendo uma só. Quero ser todas para alguém que não sei. Quero algo que não conheço a forma, não sei a cor, talvez tenha na minha vida ou não tenha encontrado. Quero algo que não sei definir em palavras. Quero muito (e quero menos). A simplicidade de mãos dadas com o acaso me trouxe até aqui e me fez entrar na sala com ar rarefeito.
Quase (...) meses.
Os dias corridos tinham me condicionado a viver para fora. Precisava dividir o ar com tantas coisas que pareciam me sufocar. Por mais que tivesse tanto, de tudo, todas as coisas me diziam algo que não me importava. Ficava por várias horas procurando o que de errado havia comigo. Queria entender porque a minha cabeça vive sempre em um ritmo maluco e os sonhos parecem sempre a fuga que a noite me proporciona. Por tanto tempo achei que o erro estava em mim, até perceber que o caminho e o acertos também estarão. Vou ser escrava da minha vontade e refém dos meus desejos. Seguirei por todos os caminhos procurando algum que me diga algo além. Me sinto bem com pessoas que transpiram paixão pelas mesmas coisas que eu. Parte de um todo que me interesse e por mais que o ar seja rarefeito, em uma sala pequena e apertada, não sinto a falta de ar constante. Por um espaço de tempo o oxigênio faz o seu papel essencial e provoca aquelas reações cheia de fórmulas que nunca aprendi.
Caminhei por vários quarteirões na Paulista iluminada e impessoal. Consegui ver sem ser vista. Olhar casais e seus cachorros. Ver crianças segurando a mão dos pais apressados que parecem não terem se desligado do que passou. Sinto compaixão por elas - invisíveis - que crescem em meio a essa selva de pedra. Lembrei da fuga para Bahia nas férias, de andar de bicicleta e brincar de pedrinha (cinco pedras, joga uma pega a outra, joga uma pega duas, joga uma pega três, joga uma e pega as quatro). De subir na laranjeira e ir até o mais alto de uma árvore qualquer. Meu corpo ainda carrega as marcas da infância. Olho para as crianças que serão esquecidas em milhares de aulas que dirão muito pouco. Se vive pela metade nessa cidade e se vive por inteiro. Noite e dia te dão e tiram na mesma proporção. Um eterno perde e ganha.
De tudo que perdi e ganhei, guardo o essencial. Tenho poucos e bons amigos. Vários conhecidos e desconhecidos íntimos. Respiro essa ciranda de sentimentos que poucos devem entender. É estranho ser milhares sendo uma só. Quero ser todas para alguém que não sei. Quero algo que não conheço a forma, não sei a cor, talvez tenha na minha vida ou não tenha encontrado. Quero algo que não sei definir em palavras. Quero muito (e quero menos). A simplicidade de mãos dadas com o acaso me trouxe até aqui e me fez entrar na sala com ar rarefeito.
Quase (...) meses.
terça-feira, março 02, 2010
time is running out
Quero ouvir as suas razões em silêncio, guardar as suas explicações dadas pelo seu olhar, quero apenas um motivo para ser sua. Para acabar com a espera e consumar esses pecados. A doçura do seu toque e a intensidade do seu desejo trocados em miúdos pela sua forma simples de querer.
Tenho o espaço do vazio. Estou livre do meu passado, tudo foi aberto para um futuro desconhecido enquanto desenho o prazer no presente.
Encontro calma na urgência. Sinto paz nos seus olhos cheios de alma e enxergo suas dores rasbicadas nas paredes da vida. Quero terminar de resolver o que passou e retirar o peso que ficou. Por fim, começar uma nova vida para um novo tempo (agora).
Quero ouvir as suas razões em silêncio, guardar as suas explicações dadas pelo seu olhar, quero apenas um motivo para ser sua. Para acabar com a espera e consumar esses pecados. A doçura do seu toque e a intensidade do seu desejo trocados em miúdos pela sua forma simples de querer.
Tenho o espaço do vazio. Estou livre do meu passado, tudo foi aberto para um futuro desconhecido enquanto desenho o prazer no presente.
Encontro calma na urgência. Sinto paz nos seus olhos cheios de alma e enxergo suas dores rasbicadas nas paredes da vida. Quero terminar de resolver o que passou e retirar o peso que ficou. Por fim, começar uma nova vida para um novo tempo (agora).
sábado, fevereiro 27, 2010
i do appreciate you being round
Sinto falta de alguma coisa que não sei o nome. Não é nenhum dos aspectos comuns. Talvez "help!" dos beatles esteja roteirizando minha vida. Como na música, quando era mais jovem, nunca senti falta de ninguém. Era eu e a minha cabeça, eu e os meus livros, eu e as minhas músicas, eu e o meu mundo particular cheio de copos e alguns amigos.
Mas, agora, nesse instante particular onde tudo parece tão calmo, preciso de alguém. Porque a calma me desespera. Essa serenidade me dá ideias malucas e vontades surreais. Alguém para dividir uma garrafa de vinho, alguém para assistir um filme bobo, para discutir as questões irrelevantes dos aspectos minúsculos do cosmo, para ver o céu sem estrelas dessa cidade cheia de luz, para acreditar em ETs e procurar espaço nave no céu (mesmo sabendo que é maluquice demais), alguém que veja tudo maior do que é como se enxergasse através de uma lupa e soubesse que às vezes seremos minúsculos, alguém de extremos e calma, alguém que não saiba como viver dentro da própria cabeça e não fosse capaz de abrir mão disso, alguém que não me concedesse direitos sobre sua vida e não pedisse isso na minha, alguém que gostasse dos meus amigos e que eu gostasse dos dele, alguém que não criasse expectativa e controla-se a minha.
Gosto do jeito que me faz pensar em aspectos desconhecidos de algo que pensei por vários dias. Gosto de sentir que meus pensamentos não agridem ou incomodam (por existir). Gosto de sentir que posso não ser nada disso em uma noite diferente.
Minha vida mudou em tantos sentidos...
Sinto falta de alguma coisa que não sei o nome. Não é nenhum dos aspectos comuns. Talvez "help!" dos beatles esteja roteirizando minha vida. Como na música, quando era mais jovem, nunca senti falta de ninguém. Era eu e a minha cabeça, eu e os meus livros, eu e as minhas músicas, eu e o meu mundo particular cheio de copos e alguns amigos.
Mas, agora, nesse instante particular onde tudo parece tão calmo, preciso de alguém. Porque a calma me desespera. Essa serenidade me dá ideias malucas e vontades surreais. Alguém para dividir uma garrafa de vinho, alguém para assistir um filme bobo, para discutir as questões irrelevantes dos aspectos minúsculos do cosmo, para ver o céu sem estrelas dessa cidade cheia de luz, para acreditar em ETs e procurar espaço nave no céu (mesmo sabendo que é maluquice demais), alguém que veja tudo maior do que é como se enxergasse através de uma lupa e soubesse que às vezes seremos minúsculos, alguém de extremos e calma, alguém que não saiba como viver dentro da própria cabeça e não fosse capaz de abrir mão disso, alguém que não me concedesse direitos sobre sua vida e não pedisse isso na minha, alguém que gostasse dos meus amigos e que eu gostasse dos dele, alguém que não criasse expectativa e controla-se a minha.
Gosto do jeito que me faz pensar em aspectos desconhecidos de algo que pensei por vários dias. Gosto de sentir que meus pensamentos não agridem ou incomodam (por existir). Gosto de sentir que posso não ser nada disso em uma noite diferente.
Minha vida mudou em tantos sentidos...
domingo, fevereiro 21, 2010
onde quero chegar
Estava tudo chato. Sem graça. Silêncio demais enquanto meus pensamentos gritavam. Andava em companhia do desconhecido, segurando a mão de uma tranquilidade morna enquanto me iludia. Sem encontrar nada que matasse a minha sede apenas bebia mais. Um jeito simples de acalmar meus pensamentos enquanto eles pensam em partir. Enquanto quero apenas pedir ao mundo que seja menos mundo. Vamos fugir para um lugar longe daqui onde possamos ouvir cada acorde solto, onde os livros sejam escritos fora da forma e eu possa ouvir o som da sua risada.
Quando foi que você se apossou dos meus pensamentos? A sua cabeça me fascina enquanto você nega em voz alta tudo o que eles pensam. Se contradiz da cabeça aos pés e se revela enquanto olha no olho. Pulsa inteiro enquanto me faz pulsar sem ritmo.
Você parece uma esfinge desfilando a profecia do "decifra-me ou devoro-te". Certo de que nunca encontrará Édipo e pronto para lutar bravamente enquanto segue. Até que a luta se torne outra coisa e a profecia se desfaça em silêncios, quem sabe.
Estava tudo chato. Sem graça. Silêncio demais enquanto meus pensamentos gritavam. Andava em companhia do desconhecido, segurando a mão de uma tranquilidade morna enquanto me iludia. Sem encontrar nada que matasse a minha sede apenas bebia mais. Um jeito simples de acalmar meus pensamentos enquanto eles pensam em partir. Enquanto quero apenas pedir ao mundo que seja menos mundo. Vamos fugir para um lugar longe daqui onde possamos ouvir cada acorde solto, onde os livros sejam escritos fora da forma e eu possa ouvir o som da sua risada.
Quando foi que você se apossou dos meus pensamentos? A sua cabeça me fascina enquanto você nega em voz alta tudo o que eles pensam. Se contradiz da cabeça aos pés e se revela enquanto olha no olho. Pulsa inteiro enquanto me faz pulsar sem ritmo.
Você parece uma esfinge desfilando a profecia do "decifra-me ou devoro-te". Certo de que nunca encontrará Édipo e pronto para lutar bravamente enquanto segue. Até que a luta se torne outra coisa e a profecia se desfaça em silêncios, quem sabe.
sexta-feira, fevereiro 19, 2010
Entre julgamentos e encontros
Cansei. Cansei de ter que fingir por quatro horas do meu dia que faço parte daquilo, que as piadas (sem graça) me interessam, que acredito naquela revolução armada de filhinho de papai. Cansei até do bar, dos malucos que caem de pára-quedas do seu mundo particular. Cansei dos sorrisos forçados, da falta de respeito, dos esbarrões que uns dão nas dores do outro. Lembro perfeitamente das piadas sobre alguém com câncer. "Peralá grande, a mãe dela morreu disso". Cansei de fazer do real algo pitoresco.
Foram três anos e falta mais um. Porque me parece besteira essa coisa do encontro de interesses entre universitários. Meu encontro aconteceu antes. Precisei perder meu porto seguro para notar que ele andaria de mãos dadas comigo. E só assim, então, encontraria um teto no irreal. Eram nas letras, nas músicas, nas palavras. Era no que toco e no que sinto. Tive que aprender a conviver comigo e ser suficiente. Encontro no caminho alguns iguais para os quais o paraíso se resume em algo muito simples. Uma noite em um lugar com luzes vermelhas para transformar o tédio em melodia. Uma tarde em um café para verbalizar pensamentos contidos. Andar pela augusta pulando os buracos das calçados, desviando dos malucos (demais), revelando sorrisos enquanto pedidos aos céus para segurar a chuva que sempre tem caído em São Paulo.
Cansei dos que vivem me julgando. Porque você é assim ou assado. Sou crua, pronto. Estou no ponto exato das mudanças. Vou afirmar sem medo de errar que mudarei constantemente.
E, por outro lado, o mundo tem sido bom comigo. Estou vendo utopia virar realidade. Portas se abrindo em lugares desconhecidos. Olho para dentro, com receio porém sem medo. Acredito no que aprendi até aqui e vejo tanto para aprender. O conhecimento me motiva, o que tenho e o que posso ter. Mas, tudo isso está dentro de uma sala de aula ouvindo o óbvio ou na vida?
Sem pular etapas, sigo por elas, impaciente.
Cansei. Cansei de ter que fingir por quatro horas do meu dia que faço parte daquilo, que as piadas (sem graça) me interessam, que acredito naquela revolução armada de filhinho de papai. Cansei até do bar, dos malucos que caem de pára-quedas do seu mundo particular. Cansei dos sorrisos forçados, da falta de respeito, dos esbarrões que uns dão nas dores do outro. Lembro perfeitamente das piadas sobre alguém com câncer. "Peralá grande, a mãe dela morreu disso". Cansei de fazer do real algo pitoresco.
Foram três anos e falta mais um. Porque me parece besteira essa coisa do encontro de interesses entre universitários. Meu encontro aconteceu antes. Precisei perder meu porto seguro para notar que ele andaria de mãos dadas comigo. E só assim, então, encontraria um teto no irreal. Eram nas letras, nas músicas, nas palavras. Era no que toco e no que sinto. Tive que aprender a conviver comigo e ser suficiente. Encontro no caminho alguns iguais para os quais o paraíso se resume em algo muito simples. Uma noite em um lugar com luzes vermelhas para transformar o tédio em melodia. Uma tarde em um café para verbalizar pensamentos contidos. Andar pela augusta pulando os buracos das calçados, desviando dos malucos (demais), revelando sorrisos enquanto pedidos aos céus para segurar a chuva que sempre tem caído em São Paulo.
Cansei dos que vivem me julgando. Porque você é assim ou assado. Sou crua, pronto. Estou no ponto exato das mudanças. Vou afirmar sem medo de errar que mudarei constantemente.
E, por outro lado, o mundo tem sido bom comigo. Estou vendo utopia virar realidade. Portas se abrindo em lugares desconhecidos. Olho para dentro, com receio porém sem medo. Acredito no que aprendi até aqui e vejo tanto para aprender. O conhecimento me motiva, o que tenho e o que posso ter. Mas, tudo isso está dentro de uma sala de aula ouvindo o óbvio ou na vida?
Sem pular etapas, sigo por elas, impaciente.
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
incolor
Talvez procurasse algo que não existe. Sentir que era compreendida em silêncio enquanto todos se perdiam em palavras, notar que no alto de uma árvore uma folha diz algo incompreensível ao que estamos acostumados. Me pego reparando em formas desconhecidas, notando ritmos obscuros, ouvindo notas musicais inexistentes. Quero o que não tem nome, o que não tem cor, o indefinível em forma. Quero sentir que não sentir é apenas um espaço de tempo. Quero sentir tudo tão maior, os seus olhos claros iluminando um caminho desconhecido enquanto se fazem enigmas impressionantes. Quero o simples de um dia cheio, a calma do mar depois das ondas, nado sem direção até a calmaria não me parecer tédio. Te desfaço no infinito de algo indefinido. Busco alguém sem cor, sem nome, um segredo repleto de si. Quero o seu sorriso contido e o seu pranto reprimido. Quero experimentar o inteiro enquanto você acredita ser meio. Quero algo que não tem forma, não tem cor, não tem nome... Quero apenas você?
Talvez procurasse algo que não existe. Sentir que era compreendida em silêncio enquanto todos se perdiam em palavras, notar que no alto de uma árvore uma folha diz algo incompreensível ao que estamos acostumados. Me pego reparando em formas desconhecidas, notando ritmos obscuros, ouvindo notas musicais inexistentes. Quero o que não tem nome, o que não tem cor, o indefinível em forma. Quero sentir que não sentir é apenas um espaço de tempo. Quero sentir tudo tão maior, os seus olhos claros iluminando um caminho desconhecido enquanto se fazem enigmas impressionantes. Quero o simples de um dia cheio, a calma do mar depois das ondas, nado sem direção até a calmaria não me parecer tédio. Te desfaço no infinito de algo indefinido. Busco alguém sem cor, sem nome, um segredo repleto de si. Quero o seu sorriso contido e o seu pranto reprimido. Quero experimentar o inteiro enquanto você acredita ser meio. Quero algo que não tem forma, não tem cor, não tem nome... Quero apenas você?
sexta-feira, fevereiro 12, 2010
Proibido proibir
É tão bom voltar a viver no desconforto que é ser o que sou. Admito, me adequei durante todo o ano que passou para deixar as coisas mais simples. Não queria ser julgada, apontada, questionada. Não queria ser vista porque não tinha para onde correr, não conseguiria me sentir em casa estando tão longe. Me faltou o chão. Me faltou ar. Tomei banhos de chuva a procura de algo que não encontrei na água.
Entre a corrida achei outros lugares que me faziam sentir livre para ser. Cheguei a viver como queria, como sabia, como podia. Notei que o meu erro era guardar tudo em um lugar só. Me reservava demais o direito de não compartilhar. Como uma filha única que não aprendeu a dividir, me guardava fundo.
Conheci pessoas que me fizeram rever alguns dos meus conceitos. Pessoas que me desvendaram em poucos momentos apenas por poupar julgamentos. Identificação e alguma outra coisa que talvez tenha a ver com vidas passadas ou algo maior que rege a falta de lei do mundo. Nunca consegui as respostas. Só colecionei mais perguntas a medida que encontrava um caminho para solucionar a primeira. Não acredito nas leis dos homens. Não acredito nisso que estamos fadados a viver. Me diz mais a felicidade de fazer o que gosto do que uma cifra. Adoro os perdidamente apaixonados, os impulsivos, os amantes da própria verdade. Essa que vivemos procurando enquanto ela muda. Mudamos todos os dias diante de um sorriso sincero de uma criança, de uma música, de uma frase solta. Diante dos dois pombos que pareciam estar em uma mesma sintonia esquecendo-se que eram só pombos. Pareciam dois amantes celebrando alguma coisa qualquer. Sim, eram só pombos, pequenos porém gigantes me fazendo sorrir de algo que quase nunca notamos. Era a vida, mesmo que não a humana, coexistindo livremente.
É confortável falar direto da minha zona de desconforto. Continuo seletiva, evitando muitos, me protejo com os fones de ouvido e me guardo nos livros. Acredito na minha intuição e sigo por esse lugar imprevisível que chamamos de vida. "Vou olhar os caminhos, o que tiver mais coração, eu sigo."
ps. a última frase é cortesia do Caio F.
É tão bom voltar a viver no desconforto que é ser o que sou. Admito, me adequei durante todo o ano que passou para deixar as coisas mais simples. Não queria ser julgada, apontada, questionada. Não queria ser vista porque não tinha para onde correr, não conseguiria me sentir em casa estando tão longe. Me faltou o chão. Me faltou ar. Tomei banhos de chuva a procura de algo que não encontrei na água.
Entre a corrida achei outros lugares que me faziam sentir livre para ser. Cheguei a viver como queria, como sabia, como podia. Notei que o meu erro era guardar tudo em um lugar só. Me reservava demais o direito de não compartilhar. Como uma filha única que não aprendeu a dividir, me guardava fundo.
Conheci pessoas que me fizeram rever alguns dos meus conceitos. Pessoas que me desvendaram em poucos momentos apenas por poupar julgamentos. Identificação e alguma outra coisa que talvez tenha a ver com vidas passadas ou algo maior que rege a falta de lei do mundo. Nunca consegui as respostas. Só colecionei mais perguntas a medida que encontrava um caminho para solucionar a primeira. Não acredito nas leis dos homens. Não acredito nisso que estamos fadados a viver. Me diz mais a felicidade de fazer o que gosto do que uma cifra. Adoro os perdidamente apaixonados, os impulsivos, os amantes da própria verdade. Essa que vivemos procurando enquanto ela muda. Mudamos todos os dias diante de um sorriso sincero de uma criança, de uma música, de uma frase solta. Diante dos dois pombos que pareciam estar em uma mesma sintonia esquecendo-se que eram só pombos. Pareciam dois amantes celebrando alguma coisa qualquer. Sim, eram só pombos, pequenos porém gigantes me fazendo sorrir de algo que quase nunca notamos. Era a vida, mesmo que não a humana, coexistindo livremente.
É confortável falar direto da minha zona de desconforto. Continuo seletiva, evitando muitos, me protejo com os fones de ouvido e me guardo nos livros. Acredito na minha intuição e sigo por esse lugar imprevisível que chamamos de vida. "Vou olhar os caminhos, o que tiver mais coração, eu sigo."
ps. a última frase é cortesia do Caio F.
quarta-feira, fevereiro 10, 2010
Despedida
Um beijo seu carrega a surpresa de uma música desconhecida, sem letra, só uma melodia leve que embala o corpo para chegar a um lugar além do que imaginamos, fizemos, planejamos, quase um risco que jamais assumimos. Queria planejar um ano inteiro de surpresas para quando eu estiver longe, quando nossas vidas deixarem de coexistir no mesmo espaço, sem te ver, seria a minha forma de te reservar mais riscos, menos certezas, mais felicidade, menos comodismo e te roubar alguns sorrisos, que eu não veria, já que não estarei mais no mesmo lugar. Menos dramático, mas com a mesma ideia daquele filme romântico e bonito que tem nome de música dos beatles.
Queria poder sentir isso de forma plena. Já não sei o que se passa aqui, não consigo desvendar os meus sentimentos, nem entender os meus pensamentos. Tudo tão misturado com a vontade que apareceu, assim de repente. São algumas dúvidas, me faltam certezas, sobram possibilidades. Quem sabe quando desistir de fugir eu note que o tempo inteiro foi sempre: você.
Um beijo seu carrega a surpresa de uma música desconhecida, sem letra, só uma melodia leve que embala o corpo para chegar a um lugar além do que imaginamos, fizemos, planejamos, quase um risco que jamais assumimos. Queria planejar um ano inteiro de surpresas para quando eu estiver longe, quando nossas vidas deixarem de coexistir no mesmo espaço, sem te ver, seria a minha forma de te reservar mais riscos, menos certezas, mais felicidade, menos comodismo e te roubar alguns sorrisos, que eu não veria, já que não estarei mais no mesmo lugar. Menos dramático, mas com a mesma ideia daquele filme romântico e bonito que tem nome de música dos beatles.
Queria poder sentir isso de forma plena. Já não sei o que se passa aqui, não consigo desvendar os meus sentimentos, nem entender os meus pensamentos. Tudo tão misturado com a vontade que apareceu, assim de repente. São algumas dúvidas, me faltam certezas, sobram possibilidades. Quem sabe quando desistir de fugir eu note que o tempo inteiro foi sempre: você.
02/08/2009
domingo, janeiro 31, 2010
our wrongs remain unrectified
Não falo do que senti naquele momento porque seria tão banal quanto explicar o amor. Comum e particular como só os sentimentos genuínos são. A construção e a desconstrução fazem do cliché a bússola. Aos poucos são destruídos os alicerces e, de repente, tudo parece meio bambo, meio solto, sustentado por alguma coisa muito frágil. Ainda daria tempo de salvar algo, não deixar tudo acabar, o prédio virar.
Se as verdades tivessem sido simplesmente ditas e os sentimentos enfrentados poderíamos deixar o tempo fechar o que o acaso abriu. Mas, se nem isso, pra que então?
Eu amo várias vezes e em doses particulares. Amo meus amigos, alguns poucos e outros vários que me fazem simplesmente feliz. Alguns livros que me fazem sentir em palavras que nunca estarei só embora adore estar sozinha. Algumas músicas que transformam em melodia o que meus sonhos contam. Amo o sorriso da minha irmãzinha. O abraço da minha avó por adoção, dos meus avós por concepção. Amo acordar de um sonho bom ainda sentindo ele passear em imagens dentro de mim. Alguns filmes que representam em imagens as histórias que adoraria contar. Amo coisas que não mudam em letras, palavras, melodia, imagem e amo os que são só outros. Pessoas, como eu, procurando sempre alguma coisa que nunca definimos. Tem aqueles que (também) perceberam que são as perguntas que nunca acabarão. É, dentro dessa busca que viveremos todos os nossos dias até o último, quem sabe. Tem amor que virá outra coisa. Tem história que muda de página. Tem música que troca de melodia. Tem amigo que decepciona ou condiciona o presente a um passado que deveria ser irrelevante. Tem também, aqueles que, não são amigos. Embora, a gente, um dia tenha acredito que...
Não falo do que senti naquele momento porque seria tão banal quanto explicar o amor. Comum e particular como só os sentimentos genuínos são. A construção e a desconstrução fazem do cliché a bússola. Aos poucos são destruídos os alicerces e, de repente, tudo parece meio bambo, meio solto, sustentado por alguma coisa muito frágil. Ainda daria tempo de salvar algo, não deixar tudo acabar, o prédio virar.
Se as verdades tivessem sido simplesmente ditas e os sentimentos enfrentados poderíamos deixar o tempo fechar o que o acaso abriu. Mas, se nem isso, pra que então?
Eu amo várias vezes e em doses particulares. Amo meus amigos, alguns poucos e outros vários que me fazem simplesmente feliz. Alguns livros que me fazem sentir em palavras que nunca estarei só embora adore estar sozinha. Algumas músicas que transformam em melodia o que meus sonhos contam. Amo o sorriso da minha irmãzinha. O abraço da minha avó por adoção, dos meus avós por concepção. Amo acordar de um sonho bom ainda sentindo ele passear em imagens dentro de mim. Alguns filmes que representam em imagens as histórias que adoraria contar. Amo coisas que não mudam em letras, palavras, melodia, imagem e amo os que são só outros. Pessoas, como eu, procurando sempre alguma coisa que nunca definimos. Tem aqueles que (também) perceberam que são as perguntas que nunca acabarão. É, dentro dessa busca que viveremos todos os nossos dias até o último, quem sabe. Tem amor que virá outra coisa. Tem história que muda de página. Tem música que troca de melodia. Tem amigo que decepciona ou condiciona o presente a um passado que deveria ser irrelevante. Tem também, aqueles que, não são amigos. Embora, a gente, um dia tenha acredito que...
segunda-feira, janeiro 25, 2010
i told you i was trouble
Em que momento entrou essa racionalidade desconhecida? Como uma intrusa me fez pensar nos meus defeitos e proteger alguém de mim. Porque eu sei que ia perder o interesse tão logo qualquer coisa acontecesse. Como perdi antes, como sempre acontece. Sou uma romântica que sonha com o desafio que nunca existiu entre nós.
É como se os seus excessos de verdade tivessem acabado com o mistério que faz tudo parecer mágico. E, diferente de antes, me privei do momento. Em um ataque de lucidez mantive a sua vida nos eixos e longe da minha.
Sabemos, mesmo sem querer, que não caminho pelo óbvio. Não convivo em paz com a calmaria. Tudo que iria encontrar se tornaria um fardo em questão de poucos dias. E, outra vez, teria que me desculpar com você pelas ausências ou comigo pela traição iminente do meu compromisso com a liberdade. you know i'm no good.
ps. frases emprestadas da Amy e a ansiedade pelo cd novo dela só aumenta.
Em que momento entrou essa racionalidade desconhecida? Como uma intrusa me fez pensar nos meus defeitos e proteger alguém de mim. Porque eu sei que ia perder o interesse tão logo qualquer coisa acontecesse. Como perdi antes, como sempre acontece. Sou uma romântica que sonha com o desafio que nunca existiu entre nós.
É como se os seus excessos de verdade tivessem acabado com o mistério que faz tudo parecer mágico. E, diferente de antes, me privei do momento. Em um ataque de lucidez mantive a sua vida nos eixos e longe da minha.
Sabemos, mesmo sem querer, que não caminho pelo óbvio. Não convivo em paz com a calmaria. Tudo que iria encontrar se tornaria um fardo em questão de poucos dias. E, outra vez, teria que me desculpar com você pelas ausências ou comigo pela traição iminente do meu compromisso com a liberdade. you know i'm no good.
ps. frases emprestadas da Amy e a ansiedade pelo cd novo dela só aumenta.
domingo, janeiro 24, 2010
"downy sins of streetlight fancies"
Reencontrei o valor das coisas que haviam se tornados superficiais só para não me revelar demais. Me guardo o direito de ser várias para ser uma só e me mostro cada vez menos. Tenho mais partes dentro dessa matrioshka que é a vida. Sim, a boneca russa, uma dentro da outra, até a última que tem sempre um centímetro e é a única que não é oca. A essência. Comprimida em um centímetro de existência estão as marcas, as lembranças, as crenças. Está tudo aquilo que ninguém me tira e que não negocio. Estão as experiências e os sorrisos. A saudades de alguma coisa e a esperança sempre renovada. Dentro de um centímetro está a busca, os pensamentos, tudo aquilo que não parece, os lugares onde ninguém entra, os lugares que guardo para alguém, o que reservo e o que conservo de mim.
Me entrego quando as palavras saem, os medos se confessam, os olhos se encontram como se nada mais houvesse. Naquele momento em que uma aura nasce ao redor e ao que, sem compromisso, damos o simples nome de desejo.
Vivo a noite como se não houvesse um dia seguinte. Esqueço os compromissos, invento minhas próprias regras, crio com o mistério uma relação estável. A espera de que um dia queira que a noite vire dia. E então, uma parte de mim, será calma...
Reencontrei o valor das coisas que haviam se tornados superficiais só para não me revelar demais. Me guardo o direito de ser várias para ser uma só e me mostro cada vez menos. Tenho mais partes dentro dessa matrioshka que é a vida. Sim, a boneca russa, uma dentro da outra, até a última que tem sempre um centímetro e é a única que não é oca. A essência. Comprimida em um centímetro de existência estão as marcas, as lembranças, as crenças. Está tudo aquilo que ninguém me tira e que não negocio. Estão as experiências e os sorrisos. A saudades de alguma coisa e a esperança sempre renovada. Dentro de um centímetro está a busca, os pensamentos, tudo aquilo que não parece, os lugares onde ninguém entra, os lugares que guardo para alguém, o que reservo e o que conservo de mim.
Me entrego quando as palavras saem, os medos se confessam, os olhos se encontram como se nada mais houvesse. Naquele momento em que uma aura nasce ao redor e ao que, sem compromisso, damos o simples nome de desejo.
Vivo a noite como se não houvesse um dia seguinte. Esqueço os compromissos, invento minhas próprias regras, crio com o mistério uma relação estável. A espera de que um dia queira que a noite vire dia. E então, uma parte de mim, será calma...
quarta-feira, janeiro 13, 2010
take me there
Queria poder dar tudo de mim. Sentir que todas essas letras são possíveis. Mas, como me libertar das marcas das minhas paixões erradas? Como recomeçar a sonhar um sonho que não vivi e já está cansado de ser errado?
Você tirou os meus pés do chão quando eles pareciam enterrados. Me fez imaginar o seu sorriso contemplando os nosso planos. Queria acreditar nos deuses dos homens e na ilusão da fé em algo que meus olhos desconhecem. Quando te tenho comigo chego a acreditar que acharemos um jeito de chegar ao sol e prender as estrelas no nosso mundo particular. Quero sentir que a liberdade ao seu lado fica maior e não que isso vai me apressionar. O inferno é esse valor sobrenatural que dou ao que posso viver sem me adaptar aos relacionamentos dos outros.
Queria acordar ao seu lado e sentir diferente do que estou acostumada. Não querer ir embora, levantar correndo com uma desculpa qualquer para começar o meu dia longe das marcas do presente.
Eu queria conseguir tentar ser sua. Por uma noite, por um dia, por uma semana, pelo tempo que o desejo controlar as nossas ações. Você pode me levar, eu sei.
Queria poder dar tudo de mim. Sentir que todas essas letras são possíveis. Mas, como me libertar das marcas das minhas paixões erradas? Como recomeçar a sonhar um sonho que não vivi e já está cansado de ser errado?
Você tirou os meus pés do chão quando eles pareciam enterrados. Me fez imaginar o seu sorriso contemplando os nosso planos. Queria acreditar nos deuses dos homens e na ilusão da fé em algo que meus olhos desconhecem. Quando te tenho comigo chego a acreditar que acharemos um jeito de chegar ao sol e prender as estrelas no nosso mundo particular. Quero sentir que a liberdade ao seu lado fica maior e não que isso vai me apressionar. O inferno é esse valor sobrenatural que dou ao que posso viver sem me adaptar aos relacionamentos dos outros.
Queria acordar ao seu lado e sentir diferente do que estou acostumada. Não querer ir embora, levantar correndo com uma desculpa qualquer para começar o meu dia longe das marcas do presente.
Eu queria conseguir tentar ser sua. Por uma noite, por um dia, por uma semana, pelo tempo que o desejo controlar as nossas ações. Você pode me levar, eu sei.
terça-feira, janeiro 12, 2010
alma dissonante
Eu quero revirar seus pensamentos e mudar a ordem das coisas. Quero fazer uma bagunça gigante diante do seu sorriso. Quero os pensamentos complementares respirando em voz alta. Quero sentir a sua verdade transbordando pelo seu corpo. Quero ver suas lágrimas lavando a sua alma do pecado. Quero as músicas e o silêncio transformando "o tédio em melodia". Quero que todo dia seja como o primeiro e seja desfeito o cotidiano. Quero sentir que o impossível é possível ao seu lado.
Salvo todas as minhas ressalvas. Reservada a minha forma particular de pensar. Desfeita as marcas do passado e o medo, o futuro é uma incógnita guardada em uma equação que não sei como resolver. Acaso?
Eu quero revirar seus pensamentos e mudar a ordem das coisas. Quero fazer uma bagunça gigante diante do seu sorriso. Quero os pensamentos complementares respirando em voz alta. Quero sentir a sua verdade transbordando pelo seu corpo. Quero ver suas lágrimas lavando a sua alma do pecado. Quero as músicas e o silêncio transformando "o tédio em melodia". Quero que todo dia seja como o primeiro e seja desfeito o cotidiano. Quero sentir que o impossível é possível ao seu lado.
Salvo todas as minhas ressalvas. Reservada a minha forma particular de pensar. Desfeita as marcas do passado e o medo, o futuro é uma incógnita guardada em uma equação que não sei como resolver. Acaso?
quarta-feira, janeiro 06, 2010
everything is slowing down
Estamos todos morrendo de tempo. Do que vai, do que falta e do que fica. O tempo que gastamos segurando o medo, horas perdidas reprimindo os pensamentos, vivemos contendo os desejos enquanto reinvidicamos um espaço que nem sabemos se realmente existe.
Todos esses atores da vida real. Os jovens velhos de 18 anos, iludidos pela idade acreditam que já conhecem tudo. E então, um ano após o outro, o passar dos minutos se mostram amigos. Seres humanos, o vinho, melhor com os anos se armazenado da forma certa. A garrafa deitada, uma pessoa livre. A temperatura ideal, alguém que se interessa pela arte que se esconde no cotidiano.
Morremos de tempo quando perdemos ele fazendo julgamento. Quando vamos nos adequando, se encaixando, abrindo mão, fazendo concessões demais por preguiça de acreditar na própria verdade.
E daqui para frente? Só interessa o tempo que fica e marca nossa pele evidenciando o doce passar dos anos. Tempo, amigo analógico.
Estamos todos morrendo de tempo. Do que vai, do que falta e do que fica. O tempo que gastamos segurando o medo, horas perdidas reprimindo os pensamentos, vivemos contendo os desejos enquanto reinvidicamos um espaço que nem sabemos se realmente existe.
Todos esses atores da vida real. Os jovens velhos de 18 anos, iludidos pela idade acreditam que já conhecem tudo. E então, um ano após o outro, o passar dos minutos se mostram amigos. Seres humanos, o vinho, melhor com os anos se armazenado da forma certa. A garrafa deitada, uma pessoa livre. A temperatura ideal, alguém que se interessa pela arte que se esconde no cotidiano.
Morremos de tempo quando perdemos ele fazendo julgamento. Quando vamos nos adequando, se encaixando, abrindo mão, fazendo concessões demais por preguiça de acreditar na própria verdade.
E daqui para frente? Só interessa o tempo que fica e marca nossa pele evidenciando o doce passar dos anos. Tempo, amigo analógico.
segunda-feira, janeiro 04, 2010
Zelig
Nos momentos que parecia piada me peguei pensando que Britney Spears entenderia. Um dia ela é vista com a doida que raspa o cabelo e quebra vidros de carro com um guarda-chuva e duas semanas antes era a "princesinha do pop". Normal, só que alguém muito mais exposta as expectativas dos outros.
Todo mundo tem seu dia de não. Um dia de pouco se importar com a humanidade embora viva envolvida em projetos sociais. Um dia que encontra genialidade no acaso e outro que repugna tudo que não consegue controlar.
Todo mundo é milhares sendo apenas um. Quantas pessoas conhecem tudo que você realmente é? Quem conhece a sua intolerância e a sua meiguice? Quem conhece os seus sonhos e os pesadelos? Quem sabe o seu filme preferido e a banda que você não suporta? Quem conhece o seu tom de voz quando está tentando esconder algo? Quem tem as chaves completas do outro? E quem tem o controle absoluto sobre si? Quem recusa as mudanças, dispensa o novo, não desconhece a evolução?
É evidente que os defeitos são exagerados, evidenciados, as consequências escancaradas. Não consigo conviver com "camaleões" que mudam a favor do externo, que se adequam, se encaixam, diminuem ou aumentam conforme a necessidade. Porque como a Anais Nin "ajusto-me a mim, não ao mundo" e sigo no ritmo do Raul quando "prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo".
Nos momentos que parecia piada me peguei pensando que Britney Spears entenderia. Um dia ela é vista com a doida que raspa o cabelo e quebra vidros de carro com um guarda-chuva e duas semanas antes era a "princesinha do pop". Normal, só que alguém muito mais exposta as expectativas dos outros.
Todo mundo tem seu dia de não. Um dia de pouco se importar com a humanidade embora viva envolvida em projetos sociais. Um dia que encontra genialidade no acaso e outro que repugna tudo que não consegue controlar.
Todo mundo é milhares sendo apenas um. Quantas pessoas conhecem tudo que você realmente é? Quem conhece a sua intolerância e a sua meiguice? Quem conhece os seus sonhos e os pesadelos? Quem sabe o seu filme preferido e a banda que você não suporta? Quem conhece o seu tom de voz quando está tentando esconder algo? Quem tem as chaves completas do outro? E quem tem o controle absoluto sobre si? Quem recusa as mudanças, dispensa o novo, não desconhece a evolução?
É evidente que os defeitos são exagerados, evidenciados, as consequências escancaradas. Não consigo conviver com "camaleões" que mudam a favor do externo, que se adequam, se encaixam, diminuem ou aumentam conforme a necessidade. Porque como a Anais Nin "ajusto-me a mim, não ao mundo" e sigo no ritmo do Raul quando "prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo".
domingo, janeiro 03, 2010
i wanna let go of the pain i've held so long
O ano novo revela o que tentamos esconder enquanto estamos presos ao chão e às obrigações do passado. O alto da montanha desmascara meus medos escondidos, percebo que estou repetindo um erro e não tenho feito nada para mudar. Não sei como continuar subindo sem cair, não conheço o caminho embora já tenha andado por ele, o eterno retorno que o Nietzsche contou, agora, me parece falho. Os sentimentos se repetindo e não se reconhecendo frente aos novos fatos.
Lembro da mensagem no meu celular que mais tarde virou piada. "Um enigma que vou passar a vida tentando decifrar". Me pego sentindo a mesma coisa. Me sinto invadida pela mensagem, pela pessoa que me mandou, pela revelação silenciosa feita sem pretensão. Realmente devo ser um enigma que EU vou passar a vida tentando decifrar. O enigma é interno e por isso que dificulto a entrada dos outros. Na porta da minha vida, uma seleção natural impede o contato simples. Sou vestida de sarcasmo, envolta em piadas, largamente revestida de uma proteção diferente. Só apareço aos poucos, são pequenos e insignificantes segredos que me fazem uma garota no corpo de mulher.
Escondo as músicas da Britney Spears que tenho no PC ou não deixo ninguém ver no msn quando ouço Linkin Park. Deixo acreditarem que sou só a garota que gosta dessas coisas que "eles conhecem como bom gosto". É tudo mais cheio de mistério do que parece. E, exatamente por isso, é simples. Entra, a porta está aberta (para você).
O ano novo revela o que tentamos esconder enquanto estamos presos ao chão e às obrigações do passado. O alto da montanha desmascara meus medos escondidos, percebo que estou repetindo um erro e não tenho feito nada para mudar. Não sei como continuar subindo sem cair, não conheço o caminho embora já tenha andado por ele, o eterno retorno que o Nietzsche contou, agora, me parece falho. Os sentimentos se repetindo e não se reconhecendo frente aos novos fatos.
Lembro da mensagem no meu celular que mais tarde virou piada. "Um enigma que vou passar a vida tentando decifrar". Me pego sentindo a mesma coisa. Me sinto invadida pela mensagem, pela pessoa que me mandou, pela revelação silenciosa feita sem pretensão. Realmente devo ser um enigma que EU vou passar a vida tentando decifrar. O enigma é interno e por isso que dificulto a entrada dos outros. Na porta da minha vida, uma seleção natural impede o contato simples. Sou vestida de sarcasmo, envolta em piadas, largamente revestida de uma proteção diferente. Só apareço aos poucos, são pequenos e insignificantes segredos que me fazem uma garota no corpo de mulher.
Escondo as músicas da Britney Spears que tenho no PC ou não deixo ninguém ver no msn quando ouço Linkin Park. Deixo acreditarem que sou só a garota que gosta dessas coisas que "eles conhecem como bom gosto". É tudo mais cheio de mistério do que parece. E, exatamente por isso, é simples. Entra, a porta está aberta (para você).
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