segunda-feira, março 24, 2008

GAVETAS

Quando tudo sai do lugar e eu poderia enumerar confusão na minha vida. O melhor é revirar passado e pensar o quanto as possibilidades se encaixam nele. Quanto do que foi é carinho e como isso pode ser um dia. Então, eu abro bilhetes, acho fotos de gente que não vejo há muito tempo.

E no fundo da minha gaveta, um papel escrito:
"sua cretina, te amo"

A minha tarde é o encontro com o passado que posso pegar. São os bilhetes em papel laranja, os ingressos do teatro, os convites de aniversário, o serviço de peças em papel bonito e letras estampadas.

É o papel da peça do Caio, aquela que vimos e esperamos por duas horas, entre risos e lágrimas de encontro. O dia que eu encontrei os pedaços que levaria pra sempre. O dia que eu vi que o pra sempre pode ter continentes de distância. Ah, a saudades, da Sabrina que volta em Agosto. Saudades de mim que não volta mais.

O fio azul de rede, que aprendi a fazer pra amarrar na mochila depois, e andei um ou dois dias com ele. Daí perdeu a graça. Porque aquele técnico nunca teve muita graça. Mas tudo é muito na minha vida e graças a ele, depois dele, eu jamais estive sozinha. Big sis.

A minha agenda do ano passado, mais um ano virado, uma página colada. E em um papel do teatro mágico eu leio: "Nosso roteiro imaginário é nossa maneira improvisada de viver a vida".

A minha agenda carregada de Ludov e de vida. E como eu aprendi a viver depois dela. Em outras gavetas os meus bloquinhos e falta coragem de abrir eles. Tem aquele de pelinhos azul, o mais criança, o começo de vários outros que viriam.

O resultado é 20 livros lá embaixo. Uma prateleira finalmente organizada com outros. Um lugar só pros pockets. Duas sacolas de papéis e coisas sem utilidade. E o meu amigo me liga e fala: "resolveu começar a semana com vida nova" e eu respondo "é preciso". Depois disso desço as escadas mais três vezes carregando muito mais peso do que deveria e fim.

Muito mais simples do que parece. Como viver...


E amanhã eu vou ver o Chico, chuif, chuif.