sexta-feira, fevereiro 08, 2008

BUT YOU

Faço a lista de músicas que faz dos meus dias iguais. De algum jeito você está em cada uma delas. Mesmo que algumas não seja você. E outras sejam só, as que eu sempre escolhi pra mim.

Você é guerra, não sei se é seguro desse lado e sei que no que estou não é. Um campo minado de emoções. Um turbilhão de sentimentos. Eu indo cada vez mais rápido. Porque minha vida acelera no descontrole, então tudo dá tempo, porque o meu tempo é muito mais curto do que o dos outros. No meu tempo uma hora é duas e elas rendem como se fossem quatro. Então, eu trabalho mais, falo mais, escrevo mais, sinto demais. Sem saber se o demais é só exagero ariano.

Saio por aí dando cabeçadas arianas no mundo e ele não esboça nem um sorriso. Mentira, eu tenho os sorrisos, mas só dos que interessam. Mesmo que nem sempre seja o seu.

O pierrot apaixonado chora pelo amor da colombina. O carnaval correu na minha sanidade. Foi simples e calmo. Conheci a "mini me". Me cortei e ela cuidou de mim com carinho sagitariano e acidez familiar. Assisti os filmes que a gente tinha comprado eu tinha visto, ela também, mas não juntas e rindo das mesmas piadas bobas. Subornei colaboração e comprei chocolate.

E o pierrot, chora. Dentro do passado e observando o presente. Dentro do hoje, encontrei meus amigos, me alimentei de fumaça e latas entre macarrão e os dono da música falando alto no dvd. Dancinhas no meio da sala no apartamento da Bela Cintra. Mesmo que a vida adulta tenha chego e seja preciso falar com o porteiro o quanto a mulher de cima é uma vadia e faz tudo para deixar a vida adulta mais irritante.

O pierrot só queria amar e dar um basta nessa dor sem fim, mas colombina trocou seu amor por arlequim. E o pierrot? Chora.

O refrão lembra coisas boas de se fazer na vida. E quem disse que eu entendo tudo. Não, eu não entendo nada, muito menos francês. Tentei para ouvir nina cantando 'ne me quitte pas' aprendi o tamanho dessa frase. O resto é melodia e lembranças. Dá vontade de deixar o corpo ir e aprender a praticidade desse carnaval que eu não vivi.

E nas palmas, eu sorriria te olhando me achando a mais boba do mundo, a mais menina. Aquela que pula de cabeça no montinho e fica com ela doendo 3 dias. Mas, não importa, eu vou até o fundo. De cabeça em mares que nem sempre conheço. Por isso eu não vi isso acontecer.

Agora só a felicidade simples e o pouco me importo pro tempo. Nunca fui boa com números. Levanto quando acho que devo. Falo quando cansei de ouvir. Espero quando não se há outra coisa a fazer. Então, outra vez levanto os braços, fechos os olhos e deixo o refrão continuar. Bem depois das palmas e muito antes da alegria que seria o medo acabar e tudo começar.

O apanhador lembra meu alter-ego escrito pelo Salinger. A pequena Phoebe, no fundo eu sou tão garota quanto ela, perfeccionista. Uma ouvinte para as noites que você desistir de ficar no colégio e ter que entrar em casa escondido.

Nova York é para onde a sis vai, onde ela quer que eu a encontre quando terminar o intercâmbio e, para onde eu vou se tudo der certo por aqui. Porque ela é o meu elo com o real. Quando eu fujo demais, ela está por perto para me segurar. Ela segura a minha mão quando eu sento no canto e não quero mais nada. Ela pedi para eu ver os defeitos quando eu enxergo milhares de qualidades.O suficiente para trocar paciência por desespero. A minha certeza pelo seu coração.

Só que as minhas certezas valem tanto e você é tão indefinível. Com você, eu quebro o meu silêncio para falar do livro mais triste que eu li, e como eu chorei e percebi que eu ia ler muito a vida inteira. Eu era mais criança do que agora e queria ser maior do que sou. Então, eu era a traça daquela biblioteca. Li um monte de coisas, enquanto entendia pouco, até o livro de capa vermelha e a certeza. Sento e olho o seu rosto enquanto você fala do seu. Continuaremos em 1960, entre cafés e tudo que entorpeça o tempo. Você quer que eu vá embora. Fingi o tempo todo que quer. Mas, eu sei que te encontro em qualquer lugar no seu tempo.

Eu assinaria um contrato se nele tivesse essa letra e você fizesse a melodia. Eu sei que você não acredita nas minhas certezas. É verdade que alguma delas se perdem no caminho. Mas, eu sou capaz de continuar enquanto nada pesar demais e a liberdade perder o valor. Talvez você consiga. Viver é um risco e eu decidi que ia seguir.

Andar pela augusta sem prestar atenção nos carros que se espremem na rua enquanto eu ando com o guarda-chuva vermelho molhado de sonhos e vontades. A mesma chuva que tira o cinza das ruas enquanto pinta o céu dessa cor. Hoje, da janela do meu quarto eu ouço os passarinhos e vejo a copa de uma árvore balançando no sol preguiçoso. I promisse to be true and help u understand.

Se todos podem perdoar porque algumas pessoas não conseguem? E mesmo assim vem aqui escondido. E como eu sei? Eu sei, eu vejo nas letras a verdade que você esconde dentro do orgulho. Fala alguma coisa, quebra o seu silêncio, eu não sou intransigente. Perdôo os erros e reconheço os meus. Eu fui garota demais achando que só iam te contar o quanto eu te queria bem. Claro que não. Porque tem gente que precisa ver a vida alheia cair.

De você, eu gosto do jeito que se sente, a confusão mais organizada e calma que a minha. I don't see what anyone can see, in anyone else... but you.