PORTUGAL
O tédio inteiro fez uma nuvem sob a minha cabeça e parou. Agora, eu fico aqui, revirando arquivos atrás de todos os sentimentos do mundo que não esses. Claro que tem o dessa época exata do ano passado, e mesmo assim: foi diferente. Mesmo tendo sido a primeira vez de uma porção de coisas. E o meu medo pulou sem cordinha, lá foi normal, dias bons como alguns poucos e o final daqueles vazios de rancor.
Agora, eu fico aqui com essa maldita distância. Com os olhos pregados em palavras alheias. Me repetindo inteira. A gina falou que é a mesma coisa desde a semana passada. Eu falo 'chega' e volto cinquenta vezes. Eu paro na porta para pensar se tem jeito ou a minha cabeça vai continuar seus passos a frente e meu medos milhares de atos atrás. Parece uma peça mal ensaiada, erro as cenas, adianto a marcação. Engasgo com as falas. Depois, improviso para ficar menos feio para platéia. Essas pessoas que me olham sem saber porquê. E acham que entendem tudo. Eles achando que entendem tudo e você sabe tudo. Mas eu vou confundir, até você ter certeza porque certeza nunca muda.
Enquanto isso escrevo mais, vivo mais, sorrio mais, erro mais, peco mais, faço tudo: mais. É o controle mostrando que é o meu melhor amigo e não me larga nunca. O meu controle está nesses excessos. Claro, que é ironia. Um traço fino de ironia, sadismo e sarcasmo. Piadas inteiras me usando como personagem principal. Nas piadas de portugueses vão substituir pelo meu nome. Porque eu sou a burra da história. A burra que vive demais e só saber ser assim.