sexta-feira, fevereiro 22, 2008

TARDES

saudades desses dias (2004)

Olha no fundo dos meus olhos e diz que não compartilha de um milésimo desse sentimento. Diz que não é nada disso. Me faz viver em paz. Preciso pegar aquelas cartas que escondi entre o passado, revirar o meu outlook, descobrir alguns passos que não vi antes e recomeçar. Mas, antes de recomeçar, antes mesmo de pensar em qualquer coisa. Queria olhar no fundo dos seus olhos. Te ver sorrir. Brincar com as pontas dos seus dedos. Queria olhar tudo aquilo que sempre gostei de ver voar. Aprecio a sua liberdade.

Ontem, eu sentei na Augusta com a garota da assessoria. Conversas de quarta à tarde: os relacionamentos, as pessoas, o entra e sai. E esse cair, levantar, cair, levantar. Deve ser falta de procura e um gostar tímido das sensações que sentir empresta. Chegamos na liberdade. No quanto gostamos da nossa. Eu realmente acredito que as coisas caminham juntas quando a liberdade importa pouco. Tão pouco que seria mais fácil continuar junto porque sozinha o mundo fica menor. E eu gosto dele enorme.

Andei na chuva com meu guarda-chuva vermelho e o meu amigo. Rindo das piadas do nosso passado. Lembrando do dia que a Lee perdeu a dignidade na correnteza da Augusta. Rindo, rindo, rindo. Porque ontem aquela água toda entregou leveza ao dia. Chorei de rir. Chorei por não acreditar no que falei pra sis. Chorei e ri mais. O cara lá na frente nos pediu atenção. Mas, tinham as canetas novas e agora preciso de um lugar para guardar. Devia ser isso. Deve ser isso. Você é o lugar que eu queria guardar. Resolvo. Me resolvo. Transformo esse sufoco em letras. Cada vez que eu fujo, me aproximo mais, as minhas lembranças tentam suprir o que eu não quero mais de você. E os seus olhos vão e voltam.

Talvez não dormir seja o jeito de não sonhar. Você foi dos mais complicados e o mais simples para mim. Um dos meus maiores erros e a mais estranha história que eu escrevi. Mentira sincera, brincadeira séria. Das lembranças de agora você é a saudade que vou gostar de ter.