quinta-feira, fevereiro 14, 2008

INTERNAL DIALOGUE


Eu acho que sinto a sua falta. Eu que sempre detestei rotina. Qualquer que fosse e principalmente se fosse a minha. Eu que nunca fui pura e simplesmente eu para (quase) ninguém, sou assim para você, mesmo que viva coberta de mistério.

Talvez você me veja como uma garotinha. A que senta segurando as pernas ou tira o sapato quando coloca os pés debaixo do corpo quando veste shorts branco e a pulseira de mesma cor. Sinto falta da rotina e dos dias todos iguais. Os dias voltam aos poucos a ser assim. Se eu sinto falta é porque gosto do meu agora. Do meu novo corte de cabelo e do jeito que ele me fez parecer menos menina até quando cai no olho. Das unhas vermelhas sempre descascando e a caneta azul já no fim escrevendo o que coloco nessa tela agora. Gosto do jeito que escrevia no metrô esperando a Saúde chegar. E depois pouco até o Jabaquara e os dias que só te tinha no computador.

Eu gosto de atravessar a Paulista de ônibus. Parada olhando os lugares que já fui. Todos os lugares dessa avenida. As pessoas que conheci. O passado que vivi. Aquela vez que andei com amigos até a IBM para rir com a Letícia. Sinto falta também daqueles outros dias iguais. Minha cabeça em outro você. Um que vive voltando e me chamando para ir em lugares que já não fazem mais sentido. Porque não é o você que interessa. Você, o que interessa, apagou parte do passado para roubar meu olhar pro hoje. Sem cinemas, casas, dúvidas e acertos. O meu único jogo está nas suas mãos. Com seus medos e palavras de fuga.

Já senti pelo seu você não ser eu. E pedi para muitas pessoas procurarem algo que não consegui ver e provavelmente não existe. A caneta vai acabar, minha casa vai demorar para chegar. Vou encostar a cabeça no vidro e pensar com as palavras da Maria Mena, falando em perder o controle. Enquanto você guarda o seu, perto, tão perto que irrita. Se perde, me encontra e vamos. Só vamos.



ps: escrito na rua. no ônibus e em qualquer outro lugar. porque eu virei (por pouco tempo ainda) a abobadinha das palavras. escrever saiu do controle para o resto entrar. troca justa e assim eu te presenteio com mais e mais palavras.
palavras, palavras e mais palavras. SÓ PALAVRAS. se fossem boas, seria quase como Bandini, mas eu vivo em São Paulo não no Bunker Hill. Cada um tem da vida o que merece. Eu sei.
Agora, vou dormir, sono, dor de cabeça, frio(?), sabe por que? Porque amanhã é sexta. Daí essas coisas aparecem pra encher o saco. Repito amanhã é sexta e eu tomo cinquenta aspirinas se for preciso. Fim de semana. Depois da reunião de hoje, e os mesmos problemas de sempre. O cara perdeu a linha com o "garota, você é muito mimada". HAHAHAHA. Tá, eu adoro meu trabalho e tem dias que alguns merecem ouvir. De verdade. E eu nem precisei falar. :)

Maria Mena